Top 10: show de Toledo, zebra, musas, poluição e tombo marcam etapa do RJ.

18/05/2015 15:19

Primeira etapa realizada no Brasil pela elite após o histórico título de Gabriel Medina, o Rio Pro não só marcou o reencontro da torcida com o atual campeão mundial, como consagrou Filipe Toledo como ídolo nacional. Com um poderoso arsenal de aéreos e duas notas 10, as únicas da competição, o paulista de Ubatuba, de 20 anos, derrotou o australiano Bede Durbidge por 19,87 de 20 possíveis e ainda levou para casa US$ 100 mil como prêmio, o equivalente a R$ 299,8 mil. Diante de milhares de pessoas que lotaram as areias do Postinho, na Barra da Tijuca, Rio de Janeiro, a quarta de 11 etapas do Circuito Mundial viu dobradinha brasileira no pódio, com o estreante Italo Ferreira se apresentando para o grande público, além de musas, zebras, quedas precoces de Medina, Kelly Slater e Adriano de Souza, atletas passando mal e poluição. 

Filipe Toledo comemora título do Rio Pro com Bede Durbidge (Foto: André Durão)Filipe Toledo comemora título do Rio Pro com Bede Durbidge (Foto: André Durão)

 

DOBRADINHA BRASILEIRA

Desde o início da temporada, o Brasil se consolidou como uma das maiores potências do surfe, com finalistas nas quatro etapas disputadas até o momento, tendo vencido três delas. No Rio de Janeiro, teve dois representantes do "Brazilian Storm" entre os quatro primeiros. Filipe Toledo foi o campeão, enquanto Italo Ferreira terminou em terceiro lugar. O potiguar de Baía Formosa, que sonha ser o "calouro do ano", tem sido a grande surpresa do ano, em que derrotou nomes como Mick Fanning, Kelly Slater e outras estrelas do Tour. Ele perdeu a semifinal justamente para o inspirado Filipinho, que estava imbatível nas ondas do Postinho. Com o resultado, tem dobradinha brasileira no ranking de 2015. Adriano de Souza segue líder da temporada, e Toledo, com o título, passou Mick Fanning e assumiu a vice-liderança. Confira o ranking completo

 

 

QUEDAS PRECOCES E ZEBRAS

Adriano de Souza, o Mineirinho, no Rio Pro (Foto: André Durão)Adriano de Souza no Rio Pro (Foto: André Durão)

Líder do ranking, Adriano de Souza, o Mineirinho, não apresentou o surfe que vinha mostrando em uma temporada até então impecável, com o título em Margaret River, vice em Bells Beach e o terceiro na Gold Coast. Eliminado precocemente pelo neozelandês Ricardo Christie na terceira fase, o paulista do Guarujá não repetiu o título de 2011, que o fez se tornar o primeiro brasileiro a assumir a ponta do ranking. 

Atual campeão mundial, Gabriel Medina entrou para a terceira fase como favorito, mas foi derrotado surpreendentemente pelo havaiano Keanu Aising. 

Gabriel Medina perde no Mundial de Surfe nesta sexta-feira no Postinho (Foto: André Durão)Gabriel Medina perde no Mundial de Surfe nesta sexta-feira no Postinho (Foto: André Durão)

Dos grandes nomes do Tour, Kelly Slater foi outra vítima da zebra, desta vez, pelo australiano Matt Banting, que estreia na elite neste ano.

 

TOMBO DE CAMPEÃO MUNDIAL

Campeão mundial em 2012, Joel Parkinson sofreu com o mar pesado no Postinho, na última quinta-feira. Quando foi rebocado pelo jet ski que cruzava a arrebentação para o levar de volta ao pico, o australiano foi atingido por uma forte onda. O surfista não conseguiu se segurar e voou longe, dando quase um mortal e caindo de cabeça no mar. Parko não se machucou e voltou para disputa, mas acabou perdendo por apenas um décimo (9,60 x 9,50) para Keanu Asing.

 

 

DESFILE DE MUSAS

Um desfile de beldades passou pelas areias do Postinho arrancando suspiros com muito charme e beleza. Entre as atletas de alto rendimento que disputaram o título, as musas que caíram no gosto do público foram a "havaiana-gaúcha" Tatiana Weston-Webb, e Alessa Quizon. Mas as lentes dos fotógrafos e o público também se encantou por surfistas como Nikki Van Dijk, Sage Erickson, Lakey Peterson, Johanne Defay, Tyler Wright e outras. 

Nikki Van Dijk perde para Silvana Lima na Praia da Barra (Foto: André Durão)Nikki Van Dijk perdeu para Silvana Lima na Praia da Barra, mas exibiu beleza e charme (Foto: André Durão)

 

Tatiana Weston-Webb, a "havaiana-gaúcha" (Foto: André Durão)Tatiana Weston-Webb, a "havaiana-gaúcha", foi um colírio para os olhos durante o Rio Pro (Foto: André Durão)

SHOW DE AÉREOS

Filipe Toledo consegue a vitória sobre Italo Ferreira na semifinal do Rio Pro, pelo Mundial de Surfe  (Foto: André Durão)Filipe Toledo consegue a vitória sobre Italo Ferreira na semifinal do Rio Pro (Foto: André Durão)

Filipe Toledo foi a grande sensação do Rio Pro. O caçula da elite do surfe, de 20 anos, parecia desafiar as leis da gravidade ao decolar em altos voos sobre as ondas do Postinho. Muito arrojado e com um estilo progressivo, Filipinho gerou euforia no público, que ecoava gritos como se cada uma de suas ondas fosse um golaço. Foi com os aéreos, sua especialidade, que ele conseguiu as duas únicas notas 10 do campeonato, transformando as areias em uma arquibancada como as de futebol, com direito a torcida organizada e paródias comuns nos estádios. 

 

 

 

 

TUBAÇOS

A etapa brasileira também foi marcado por belos tubos, como o de Ricardo Christie na bateria contra o sul-africano Jordy Smith. Calouro do ano e apenas o 29º do ranking, o neozelandês levou um 9,17 para somar 13,27 e derrotar Jordy, que contabilizou 12,03 na segunda fase. Outros que ficaram entocados com profundidade em tubos foram Smith, o havaiano John John Florence e os australianos Matt Bating e Kai Otton.

 

 

 

 

 

 

 

 

"VACAS"

Um "swell" (ondulação) que atingiu a praia da Barra da Tijuca nos primeiros dias do campeonato provocou ondas fortes e pesadas de até 4m. O australiano Josh Kerr, que já havia sofrido com a força do mar na etapa anterior, em "The Box", um dos picos de Margaret River, levou uma "vaca" logo no início da bateria da segunda fase (repescagem). A sua prancha se partiu em duas e ele seguiu em direção à areia com a metade da prancha, como se fosse um bodyboarder. Kerr não demorou para trocar o equipamento e voltou para a disputa, eliminando com tranquilidade o campeão mundial de 2001, C.J. Hobgood (EUA) por 9,27 a 5,40. 

 

 

HOMENAGEM A RICARDINHO

O big rider Ricardo dos Santos, assassinado em janeiro deste ano, recebeu uma bela homenagem da organização da etapa brasileira. Além do minuto de silêncio antes da bateria final, imagens do atleta morto por um policial militar na Guarda do Embaú, em Palhoça (SC), estampam parte da estrutura do Rio Pro. A namorada do surfista, considerado um dos mais talentosos do país, se emocionou ao se deparar com as fotos de Ricardinho surfando em lugares como Teahupoo, no Taiti, a mais temida bancada de corais do mundo. 

 

 

 

Karoline Esser Ricardinho Rio Pro surfe (Foto: Reprodução/Instagram)Karoline Esser se emociona com homenagens ao ex-namorado Ricardinho (Foto: Reprodução/Instagram)

POLUIÇÃO

A poluição nas águas do Rio de Janeiro, foram um dos pontos mais preocupantes do Rio Pro. A praia de São Conrado, que seria palco alternativo e era um desejo antigo dos surfistas, não pôde receber a competição por conta do alto nível de coliformes fecais. O "plano B" acabou indo para o Meio da Barra, entre os postos 6 a 7. Mas, no Postinho, muitos surfistas reclamaram da sujeira, do lixo e até do cheiro de fossa do mar. A situação alarmante foi ilustrada em fotos, que mostram uma mancha de coloração marrom se espalhando pelo mar azul. Segundo relatório do Instituto Estadual do Ambiente (Inea-RJ), o mar neste trecho está impróprio para banho.Biólogo especializado em gerenciamento de ecossistemas e poluição, Mário Moscatelli afirmou que os surfistas poderão correr riscos de saúde. Kelly Slater, C. J. Hogbgood e Filipe Toledo sofreram enjôos e ânsia de vômito e indicaram a qualidade da água como possível causa.

Poluição Barra da Tijuca surfe Rio Pro (Foto: Mário Moscatelli/Divulgação)Poluição na Barra da Tijuca pode ter causado enjôos e ânsia de vômitos (Foto: Mário Moscatelli/Divulgação)

 

 

 

PERDEU A ROUPA!

O "maluco beleza" Matt Wilkinson perdeu a lycra que vestia durante a disputa das semifinais com Bede Durbidge. Por sorte, o cabeludão vestia uma outra lycra preta por baixo. Se não, correria o risco de ficar sem camisa em plena bateria decisiva.

 

 

 

CALOR DA TORCIDA

 

 

A torcida foi um show à parte, dando ainda mais valor ao espetáculo. Embalados pela conquista recente de Medina e pela ótima fase dos demais integrantes da "Brazilian Storm", milhares de pessoas se aglomeraram, todos os dias, nas areias do Postinho para ver as estrelas do surfe mundial. E o público brasileiro é diferente do de qualquer lugar do mundo, muito mais intenso e animado. Os fãs não se contentavam em apenas olhar as estrelas. Queriam chegar perto, tocar, tirar fotos, pegar autógrafos. Registrar os momentos inesquecíveis. Os próprios surfistas da casa foram surpreendidos pelo calor do público. "Estava melhor que jogo de futebol! Nunca vi isso na minha vida. É só aqui no Brasil", disse Filipinho, logo após conquistar a taça. Os estrangeiros, então, ficaram impressionados: "É uma loucura. Nunca vi nada parecido", admitiu Bede Durbidge, vice-campeão.

Filipe Toledo comemora título do Rio Pro com a torcida (Foto: André Durão)Filipe Toledo comemora título do Rio Pro com a torcida (Foto: André Durão)