Renato Duque tem nova reunião para tentar fechar acordo de delação.

22/09/2015 10:04

O ex-diretor de Serviços da Petrobras Renato Duque participou nesta segunda-feira (21), em Curitiba, onde está preso, de uma nova reunião com delegados e procuradores da Operação Lava Jato, na tentativa de fechar um acordo de delação premiada.

Duque está disposto a confessar o que sabe sobre a corrupção na Petrobras em troca de redução de pena.

Nesta segunda, ele foi condenado pelo juiz Sérgio Moro a 20 anos e 8 meses de prisão, acusado de crimes de corrupção, lavagem de dinheiro e associação criminosa.

 

Investigadores dizem que a demora do ex-diretor em colaborar deve tornar as cláusulas de um eventual acordo mais rigorosas.

As tratativas com o Ministério Público Federal em Curitiba e com a Procuradoria-Geral da República começaram em 5 de agosto, quando o ex-diretor teve a primeira reunião com procuradores e delegados sobre o acordo de delação premiada.

Se ele revelar a atuação de autoridades com foro privilegiado, os depoimentos serão feitos à Procuradoria-Geral da República.

A expectativa é que Duque dê detalhes da atuação do PT na diretoria que comandou na Petrobras de janeiro de 2003 a abril de 2012. E que também fale sobre o envolvimento de políticos nas irregularidades na empresa.

Segundo delatores, Duque foi indicado ao cargo pelo ex-ministro José Dirceu, preso em 3 agosto e apontado como “o instituidor do esquema Petrobras ainda no tempo da Casa Civil, ainda no tempo do governo do ex-presidente Lula”, segundo o Ministério Público Federal.

Duque responde a vários processos derivados da Operação Lava Jato. Segundo o ex-gerente da Petrobras Pedro Barusco, um dos delatores da Lava Jato, Duque chefiava um dos grupos que fraudava licitações da estatal.

No caso da área de Duque, as propinas, segundo os delatores já ouvidos, iam diretamente para o PT, sem divisão entre outras legendas. O partido sempre negou ter cometido  irregularidades.Parte do dinheiro, segundo a delação, ficava com os envolvidos no esquema e outra parte era destinada a partidos da base aliada do governo.

De acordo com o Ministério Público Federal, na condição de diretor de Serviços da Petrobras entre 2003 e 2012, Duque recebeu propina ao permitir que empresas fornecedoras formassem cartel para combinar preços e dividir obras.

Desde que as suspeitas contra Duque começaram a aparecer, a defesa do ex-diretor da Petrobras sempre negou as acusações.

Em novembro do ano passado, o ex-diretor foi preso pela primeira vez sob o argumento de que poderia fugir para o exterior. O Supremo Tribunal Federal (STF) revogou essa prisão em dezembro sob a justificativa de que não havia provas desse plano.

Em março, após a revelação de que teria enviado cerca de R$ 70 milhões para contas secretas em Mônaco, foi novamente preso, a partir de indícios de que tentava evitar o bloqueio dos recursos.

Neste mês, o presidente do STF, Ricardo Lewandowski, negou pedido de liberdade formulado pela defesa de Duque.