Relator da CPI do BNDES recua e estuda pedir indiciamentos em parecer.
23/02/2016 10:30O relator da CPI do BNDES, José Rocha (PR-PA), disse nesta segunda-feira (22) que estuda voltar atrás e incluir em seu relatório final pedidos de indiciamento sugeridos pelos partidos de oposição PSDB e PPS. O objetivo é contar com o apoio desses dois partidos para aprovar o parecer.
Na semana passada, Rocha apresentou um relatório em que deixou de fora qualquer pedido de indiciamento e fez apenas recomendações, entre elas, de mudanças na governança e nas práticas institucionais do BNDES. O relator ainda precisa concluir a leitura do parecer, o que deve acontecer nesta terça-feira (23). O relatório tem que ser votado até quinta-feira (25), prazo final de funcionamento da comissão.
Já o empresário Taiguara Rodrigues dos Santos, em depoimento à CPI do BNDES na Câmara, negou que a sua ligação com o petista o tenha ajudado a fechar contratos com a construtora Odebrecht em Angola, entre 2011 e 2015.“Eu recebi uma proposta de deputados do PSDB e do PPS e estou analisando essa proposta feita por eles para poder votar o relatório em comum acordo com eles”, afirmou Rocha ao G1. Segundo o deputado Arnaldo Jordy (PPS-PA), entre os nomes que o partido defende que tenham pedidos de indiciamento estão o do pecuarista José Carlos Bumlai, amigo do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, e o do empresário Taiguara Rodrigues dos Santos, sobrinho da ex-mulher de Lula.
Outra sugestão feita ao relator é que haja uma recomendação ao Ministério Público para investigar o governador de Minas Gerais, Fernando Pimentel (PT), suspeito de ter recebido vantagens indevidas de uma empresa beneficiada pelo BNDES. Pimentel nega as acusações e classifica de “equívoco” o envolvimento dele e da mulher dele, Carolina, na operação Acrônimo, que investiga um esquema de lavagem de dinheiro.
“O relatório dele [Rocha] não pede o indiciamento de ninguém. Apesar de estar diagnosticando algumas situações com uma certa precisão, ele [o relator] conclui sem indiciar ninguém. Então, ele ficou de avaliar se vai acatar algumas sugestões porque, se termina a conclusão em pizza, eu não vou participar disso”, afirmou Arnaldo Jordy (PPS-PA).
Bumlai é suspeito de ter praticado tráfico de influência em órgãos e instituições do governo federal. Em depoimento dado à Polícia Federal, no mês de dezembro, Bumlai confessou que houve fraude na quitação de um empréstimo do BNDES de R$ 12 milhões ao Banco Schahin intermediado. Ele disse também acreditar que o dinheiro seria para pagar dívidas de campanha eleitoral em Campinas (SP) e para "caixa 2" do PT.