Quase herói, Feijão remói derrota e ganha elogio de capitão: "Sensacional".

Feijão poderia ter sido o herói de uma vitória do Brasil sobre a Argentina (Foto: Divulgação / CBT)

Para João Souza, o Feijão, foi difícil não parar de pensar que esteve muito perto de fazer com que o Brasil derrotasse a Argentina nas oitavas de final da Copa Davis. Derrotado por Leonardo Mayer por 3 sets a 2, no domingo, no jogo de simples mais longo da história da competição (6h42), o número 1 do Brasil revelou que mal conseguiu dormir à noite após o jogo. Depois que Thomaz Bellucci perdeu para Federico Delbonis nesta segunda-feira por 3 sets a 1, sacramentando a vitória argentina em Buenos Aires por 3 a 2, foi ainda mais complicado para o paulista de Mogi das Cruzes, que se espantou com a repercussão do duelo com Mayer, não pensar que poderia ter sido o herói de um triunfo brasileiro, o qual seria o primeiro na casa dos rivais.

"Destruído", Feijão mostra abatimento, mas ganha reconhecimento de ídolos

- Passou hoje (segunda), passou o dia inteiro. Pensar que fiquei a dois pontos da vitória... Meu corpo está arrebentado, não consegui nem andar direito, nem dormi direito. Passei a noite com meu pai (Milton) e minha mãe (Maria Angela). Eu não esperava a repercussão que deu no Brasil. Pelo que me falaram, foi capa de jornal, um negócio que ainda não assimilei. Se tivesse ganhado, meu Deus... O Guga postando no Instagram... Mas não deu. O objetivo principal, que era ganhar (a série), não veio. Então estou mais machucado ainda. Ganhar da Argentina aqui... - comentou Feijão, ainda bastante chateado e cansado.

O esforço de Feijão, que passou quase 11 horas em quadra se somadas as 4h57 da vitória por 3 sets a 2 sobre Carlos Berlocq na sexta-feira, não passou despercebido pelo capitão da equipe brasileira. João Zwetsch teceu diversos elogios ao número 1 do Brasil e afirmou que o tenista paulista representou o país no momento mais propício. Em setembro do ano passado, Feijão não foi convocado para a repescagem contra a Espanha, em São Paulo, e ficou indignado por ter sido preterido.

Feijão ouve atentamente aos conselhos de João Zwetsch durante confronto com Mayer (Foto: Reuters)

- A performance do Feijão foi sensacional. Voltou para a equipe na hora certa. A gente sempre procura, dentro da equipe da Copa Davis, fazer as coisas que a gente acha corretas. E ele voltou no melhor momento dele. Talvez há seis meses, ele não estivesse pronto para apresentar o nível e a maturidade que apresentou aqui. Foi muito legal poder ver isso. É mais um jogador brasileiro despontando. Essa Copa Davis dará, sem dúvida nenhuma, uma alavancada na carreira do Feijão. Ele já vem num caminho muito bom e essa série veio consolidar isso - analisou Zwetsch.

O desempenho em Buenos Aires fechou uma boa gira feita por Feijão no saibro. Depois de cair nas oitavas de final no Challenger de Bucaramanga, na Colômbia, e na estreia no ATP 250 de Quito, no Equador, ele foi semifinalista no Aberto do Brasil, em São Paulo, e alcançou as quartas de final no Aberto do Rio antes de se apresentar para a Copa Davis. Apesar da derrota brasileira para a Argentina, o tenista paulista melhorou ainda mais o ranking - é o número 72 do mundo - e tira um aspecto positivo da série: o ganho de confiança.

- Tênis é baseado em confiança. A confiança está lá em cima para jogar os próximos torneios, estou acreditando dez vezes mais em mim. Mentalmente estou muito mais forte. Do jeito que foi contra o Mayer, o jogo (de simples) mais longo da história (da Copa Davis), não tem nem o que falar - disse Feijão, que passará uma semana no Rio de Janeiro antes de viajar para os Estados Unidos para a disputa do qualifying do Masters 1.000 de Miami, nos dias 23 e 24 de março.

Brasil e Argentina não se enfrentavam pela Copa Davis desde 1980. Os argentinos agora possuem seis vitórias (ganharam os cinco últimos encontros), enquanto os brasileiros, duas (edições de 1972, no Rio de Janeiro, e de 1975, em São Paulo).

Sexta-feira
Carlos Berlocq (ARG) 2 x 3 Feijão (BRA) - 6/4, 3/6, 5/7, 6/3 e 6/2
Leonardo Mayer (ARG) 3 x 1 Thomaz Bellucci (BRA) - 6/4, 6/2, 1/6 e 6/3

Sábado
Carlos Berlocq/Diego Schwartzman (ARG) 0 x 3 Marcelo Melo/Bruno Soares (BRA) - 7/5, 6/3 e 6/4

Domingo
Leonardo Mayer (ARG) 3 x 2 Feijão (BRA) - 7/6(4), 7/6(5), 5/7, 5/7 e 15/13

Segunda-feira
Federico Delbonis (ARG) 3 x 1 Thomaz Bellucci (BRA) - 6/3, 4/6, 6/2 e 7/5