Presidente do COI elogia preparação de 2016: “Rio passou por um milagre”.

11/12/2015 13:03

Thomas Bach disse que preferia ser entrevistado em inglês em vez de francês. Gostaria de ser o mais claro possível. Depois, também pediu que ela fosse feita sentada e não em pé, “por causa da idade”, sussurrava. Mas no final, energia não faltou ao ex-campeão do mundo de esgrima durante a conversa, exclusiva, no seu escritório na sede do Comitê Olímpico Internacional (COI) em Lausanne. Sorridente e grande impulsionador da modernização dos Jogos Olímpicos, este é alemão de 62 anos - 63 no dia 29 de dezembro -  que preside o COI desde 2013. Se o surfe e o skate entrarem realmente para o programa dos Jogos de Tóquio em 2020, em parte, a responsabilidade é dele. O Rio não vai aproveitar muitas das mudanças impulsionadas pelo alemão, mas, para o presidente do COI, os habitantes da cidade têm motivos para sorrir. 

  • - Os cariocas são calorosos, se divertem, têm grande hospitalidade, mas ao mesmo tempo você pode ver uma grande eficiência. Nos últimos anos, o Rio de Janeiro passou por um milagre: o modo como a Vila Olímpica saiu do chão, os atletas do mundo inteiro já estão sonhando com o dia em que vão poder estar na Vila Olímpica e no Rio, vendo o que é que a prefeitura fez no parque Deodoro, as novas infraestruturas, os transportes públicos, estradas, túneis, é tudo maravilhoso - elogiou o ex-atleta de Wurzburg. 

Bach fala "cariocas" com carregado sotaque alemão, mas com a experiência de quem já esteve tantas vezes no Brasil em viagens oficiais. O dirigente diz conhecer bem o Rio, tem alguns números na ponta da língua e sabe os nomes dos bairros, túneis e estradas da cidade. Na sua opinião, o legado que a sede olímpica vai deixar será positivo. O alemão acredita que os Jogos Olímpicos vão trazer mais oportunidades e ajudar a combater a crise econômica do país. 

  • - Os Jogos Olímpicos podem catalisar essa recuperação. Os melhoramentos e as novas infraestruturas vão ajudar a aumentar o interesse estrangeiro, o Rio de Janeiro vai estar numa posição de poder atrair mais investimentos e turistas, ajudando o Brasil a sair desta crise o mais rápido possível. Eu estou certo de que o Brasil vai conseguir.

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Thomas Bach (Foto: Feng Li / Getty Images)Thomas Bach diz não saber como será a abertura (Foto: Feng Li / Getty Images)

Quais são as suas expetativas para os Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro 2016?
Temos uma grande confiança no Rio de Janeiro e nos brasileiros. O que temos visto acontecer na cidade é notável, uma transformação para melhor. O Rio vai ter uma infraestrutura muito melhor após os Jogos Olímpicos. Nós sempre falamos de um Rio de Janeiro antes e um depois dos Jogos Olímpicos. Todos os cariocas podem estar muito contentes e confiantes por isso e o COI quer muito continuar com esta parceria com os cariocas e os brasileiros para fazer uma Olimpíada de grande sucesso para todos nós.

 A atual crise econômica e política vai interferir na organização do evento?
Estamos preocupados com estas dificuldades, estamos colaborando com o Comitê Organizador Rio-2016 e com a prefeitura da cidade para adaptar o orçamento do Comitê Rio-2016 à nova realidade e desafios que os brasileiros estão enfrentando. Nós queremos mostrar a nossa solidariedade aos brasileiros, que estão fazendo grandes esforços econômicos, mas sem afetar a grande entrega dos Jogos Olímpicos. Nestas difíceis circunstâncias, é óbvio quanto estes Jogos Olímpicos são importantes para a recuperação do Brasil e do Rio de Janeiro. Os Jogos Olímpicos podem catalisar essa recuperação. Os melhoramentos e as novas infraestruturas vão ajudar aumentar o interesse estrangeiro, o Rio de Janeiro vai estar numa posição de poder atrair mais investimentos e turistas ajudando o Brasil a sair desta crise o mais rápido possível. Eu estou certo que o Brasil vai conseguir.

Você acredita, então, que os Jogos Olímpicos não vão prejudicar, mas sim ajudar a economia brasileira ? 
Sim, eles estão ajudando a economia. Quantas lojas, construções, vai ter mais casas disponíveis na Vila Olímpica, após os Jogos, melhores hotéis e isso já está criando trabalho agora. Durante as Olimpíadas, você vai ter tantos espetadores chegando de toda a América do Sul e de todo o mundo gastando dinheiro ali. Depois dos Jogos, o Brasil poderá desfrutar esse crescimento da infraestrutura interna e também da imagem que os Jogos Olímpicos irão deixar do Brasil como país. Antes destas obras, só 16% dos cariocas tinham acesso aos transportes, depois do grande evento, esse número vai ser de 63%. O Rio de Janeiro vai ter um sistema de transporte completo, novas estradas, túneis, dois bairros interligados, é uma completa transformação dessa cidade maravilhosa.

Você acredita que o Brasil pode receber outros Jogos Olímpicos no futuro?
Vamos pensar agora no Rio 2016, estes Jogos Olímpicos são o nosso foco, queremos organiza-los bem e fazer destes Jogos um grande sucesso para o Rio, para o Brasil e para o movimento olímpico de todo o mundo. E depois do encerramento, vamos pensar no futuro.

O surfe, o caratê e o skate estão neste pacote de cinco esportes (juntamente com a escalada e o softbol/beisebol) que podem fazer parte do programa Tóquio 2020. O que é que você acha dessa possível novidade nos Jogos?
Agora temos de analisar, é uma proposta muito interessante. São esportes voltados para os jovens que fazem do esporte mais urbano, portanto é muito interessante, mas agora temos de analisar muito cuidadosamente nos próximos meses e depois vamos anunciar a decisão no Rio de Janeiro e vocês vão ser os primeiros a saberem.

Mas nesse momento, qual é a porcentagem de chances desse pacote de cinco esportes estar em Tóquio?
É impossível dizer, só recebemos a proposta esta semana e vai ser discutido nos próximos meses. É impossível de dizer realmente.

O que é que você pode nos revelar sobre a cerimônia de abertura?
Eu realmente não sei e eu nunca quero saber, tenho a certeza que vão ser grandes surpresas também para mim.  

COI Thomas Bach (Foto: Reuters)Thomas Bach falou sobre as Olimpíadas de 2016 (Foto: Reuters)