Rio - A Polícia Civil e o Ministério Público do Rio (MP-RJ) realizam na manhã desta segunda-feira a 2ª fase da "Operação Limpidus", que tem como alvo dirigentes de clubes do Rio, empresas de vendas de ingresso e líderes de torcida organizada. O objetivo é desmantelar um esquema de repasse de ingressos por parte dos clubes para organizadas — algumas banidas dos estádios — e a revenda através de cambistas. São nove mandados de prisão a serem cumpridos e até o momento quatro pessoas foram presas.
Entre os presos de hoje estão o assessor de imprensa da presidência do Fluminense, Artur Mahmoud, Leandro Schilling, chefe da Imply — responsável pela confecção de ingressos —, Monique Patrício dos Santos Gomes, uma funcionária da empresa, e Alesson Galvão de Souza, presidente da Torcida Organizada Raça Rubro-Negra. Outros cinco mandados de prisão preventiva foram expedidos contra alvos da primeira etapa da operação que estavam presos temporariamente.

"Ainda não temos informações de presidentes de clube envolvidos, mas há grande possibilidade de presidentes e vices estarem envolvidos nisso. Vamos investigar", disse, ressaltando que a próxima fase da operação vai focar nos mandatários dos clubes. O promotor Marcos Kac, do Grupo de Atuação Especializada do Desporto e Defesa do Torcedor (Gaedest), não descarta o envolvimento de presidentes de clubes no esquema criminoso.
Segundo o promotor, cada clube e sua respectiva torcida tinha o seu esquema. Basicamente, os integrantes das organizadas recebiam os ingressos dos clubes e iam para as portas dos estádios para fazer a revenda. "Podemos dizer que hoje fechamos a primeira fase da operação." Em média 200 ingressos eram disponibilizado por partida, inclusive para jogos fora do país.
Outro alvo da operação desta segunda-feira foi Edmilson José da Silva, chefe da segurança do clube Vasco da Gama. Ele não foi encontrado em sua residência no Recreio e é considerado foragido.
A operação é realizada por policiais da Delegacia de Repressão a Crimes de Informática (DRCI) e tem como base uma denúncia do Gaedest ao Juizado Especial do Torcedor e dos Grandes Eventos (JETGE). O objetivo é combater ilegalidades envolvendo dirigentes de clubes e integrantes de torcidas organizadas. As ilegalidades vão desde o desvio de ingressos para fins de cambismo, como o descumprimento de decisões judiciais por partes do clubes, que fornecem ingressos e financiam torcidas organizadas penalizadas com o banimento dos estádios por atos violentos.
Na última semana, durante a primeira fase da operação, três integrantes de torcidas organizadas do Fluminense foram presos acusados de receber ingressos da diretoria do clube e revendê-los para cambistas. Membros das diretorias de Botafogo, Flamengo, e também do Fluminense foram conduzidos para prestar depoimento.
Segundo a Polícia Civil, os quatro grandes clubes do Rio de Janeiro são suspeitos de fazer repasse de ingressos para torcidas organizadas, mesmo com estas suspensas de frequentar os estádios.
"Um clube fomenta a violência na medida em que fornece ingresso descumprindo decisão judicial entregando para torcidas organizadas afastadas por motivos de violência", disse a delegada Daniela Terra, titular da Delegacia de Repressão a Crimes de Informática (DRCI), em entrevista ao Bom Dia Rio.
O DIA procurou o Fluminense e o Vasco para falarem sobre as prisões de funcionários dos clubes, mas ainda obteve respostas.