PMs acusados de estupro no Rio se contradizem em depoimento.

22/08/2014 10:51

Os três policiais militares acusados pelo Ministério Público pelo estupro de três moradoras do Jacarezinho, Subúrbio do Rio, prestaram depoimento nesta quinta-feira (21) na Auditoria Militar do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro (TJ-RJ). Gabriel Machado Mantuano, Anderson Farias da Silva e Renato Ferreira Leite, que tiveram a prisão preventiva decretada pela Justiça, entraram em contradição ao depor sobre o caso, segundo reportagem do jornal.

Mantuano, primeiro a ser ouvido, negou a prática do estupro. Leite, no entanto, confirmou que viu Mantuano e Silva mantendo relações sexuais com as vítimas, mas afirmou que não houve emprego de força por parte deles. O PM admitiu que não fez nada para impedir o ato dos colegas.

Já Silva confirmou que esteve no Jacarezinho na noite de 5 de agosto, mas negou que tenha tido contato com as mulheres que acusam a ele e os dois colegas de estupro coletivo. Questionado pela juíza por qual motivo ele foi denunciado pelas vítimas, Silva disse acreditar que o policiamento ostensivo na região esteja incomodando os traficantes, que estimularam as mulheres a forjar as denúncias.

Terminado o depoimento, os três PMs foram levados de volta ao Batalhão Especial Prisional (BEP), onde permanecerão presos.

Perigo à sociedade
Ao determinar a prisão preventiva dos três PMs, a juíza Ana Paula Monte Figueiredo Barros destacou que as "afirmações das supostas vítimas indicam a periculosidade dos policiais militares". A magistrada concordou com o argumento da promotoria de que os PMs colocam em risco a ordem pública.

“Recebo a denúncia, considerando os indícios de fatos que, em tese, constituem crimes militares de natureza gravíssima, sendo certo que materialidade delitiva e autoria encontram-se indiciariamente demonstradas especialmente pelas declarações prestadas pelas supostas vítimas, que narram com riqueza de detalhes a empreitada criminosa e o modus operandi dos policiais militares”, destacou a juíza em sua argumentação pela prisão dos militares.

O promotor Paulo Roberto Mello Cunha Júnior, da 2ª Promotoria de Justiça junto à Auditoria da Justiça Militar, encaminhou a denúncia ao Tribunal de Justiça do Rio (TJ-RJ) na sexta-feira (15). No documento, o promotor defendeu que, por demonstrarem comportamento violento e personalidade distorcida, os PMs representavam "evidente risco à ordem pública".

Nesta terça-feira (19), o advogado Felipe Simão, que representa os policiais militares Gabriel Machado Mantuano e Anderson Farias da Silva, disse, por telefone ao Bom Dia Rio, que a decisão foi precipitada e desnecessária. Segundo ele, os PMs são réus primários, possuem emprego e, por isso, têm direito constitucional de responder em liberdade.

Expulsão sumária
O secretário de Segurança Pública, José Mariano Beltrame, afirmou, por meio de nota, que tem acompanhado de perto o desenrolar das investigações que apuram o estupro ocorrido no Jacarezinho. Os policiais militares, apontados pela polícia como autores do crime, já estão presos e o secretário vai solicitar expulsão sumária dos autores.

Na nota, o secretário pede desculpas às vítimas e aos familiares e afirma que as circunstâncias das denúncias contra agentes só "agravam o que já é muito grave". "Infelizmente, a polícia não está imune de admitir em seus quadros pessoas que vão trair a missão de servir e proteger", disse o secretário.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Jornal Folha do Rio.