Picciani negocia com bancada de MG apoio para ser reconduzido à liderança.
13/01/2016 17:12Pivô de uma rebelião de parlamentares peemedebistas no fim do ano passado, o líder do PMDB na Câmara, Leonardo Picciani (RJ), afirmou nesta terça-feira (12) que negocia com deputados do PMDB de Minas Gerais um acordo para ser reconduzido à liderança da legenda em 2016. Em fevereiro, o PMDB da Câmara escolherá quem irá liderar a bancada ao longo do ano.
Para assegurar a recondução de Picciani, a ala governista do PMDB chegou a cogitar a nomeação de um representante da bancada de Minas para ministro da Secretaria de Aviação Civil, mas Picciani negou que esteja um curso uma negociação com essa finalidade.
A secretaria ficou a cargo de um interino desde que o ministro Eliseu Padilha – um dos peemedebistas mais próximos ao vice-presidente Michel Temer – deixou o comando da pasta em dezembro, logo após o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), autorizar a abertura do processo de impeachment da presidente Dilma Rousseff.
Aliado da presidente da República, Leonardo Picciani se indispôs, em dezembro, com um grupo de deputados peemedebistas que defende o rompimento do partido com o Executivo federal aoindicar apenas parlamentares com perfil governista para a comissão especial do impeachment.
A ala oposicionista do PMDB conseguiu inclusive destitui-lo da função, emplacando o deputado mineiro Leonardo Quintão na liderança do partido, porém, dias antes do início do recesso, o parlamentar do Rio retomou o comando com o apoio da maioria dos deputados.
Nesta terça, em uma entrevista coletiva na Câmara, Picciani foi questionado por jornalistas sobre a manobra do Palácio do Planalto que pretende entregar a Aviação Civil em troca de apoio político dos deputados mineiros na eleição da liderança.
O líder peemedebista não confirmou a negociação do governo com os colegas de partido, mas admitiu que busca um consenso com a bancada de Minas para que não seja indicado um nome do estado para a disputa interna.
“Essa é uma decisão que cabe à bancada mineira. Eu noto disposição ao diálogo, de modo que acho que é possível buscar um caminho de convergência”, ressaltou Picciani.
“O convite para a SAC, primeiro, tem que acontecer. Até aqui, desconheço convite para ocupar a secretaria. Em ocorrendo, em a presidenta fazendo a opção por um deputado da bancada, isso nada terá a ver com a disputa pela liderança. Será uma opção do governo por razões políticas e administrativas”, complementou o líder do PMDB.
Temer se desentendeu com o deputado do Rio de Janeiro depois que Picciani negociou diretamente com a presidente Dilma a indicação de deputados peemedebistas para os ministérios da Saúde e da Ciência e Tecnologia. O vice-presidente também atuou para tentar impedir o retorno de Picciani à liderança, depois que foi temporariamente substituído por Leonardo Quintão.
Temer
Na conversa desta terça-feira com jornalistas,Leonardo Picciani também disse esperar que o vice-presidente da República, Michel Temer, se mantenha afastado da disputa pela liderança do PMDB.
“Esse tema [escolha do líder] está sendo tratado no interior da bancada. O conjunto da bancada tem apreço grande pelo vice-presidente Michel Temer, de modo que eu, particularmente, acho desnecessária a presença do presidente do partido, o vice-presidente Michel Temer, na disputa interna da bancada", alfinetou Picciani.
Indagado sobre se não seria contraditório defender a não interferência de Temer enquanto obtém ajuda do Palácio do Planalto, Picciani afirmou que o Planalto "não fez nenhum movimento" que o beneficiasse na disputa.
"O máximo que pode se dizer é que há um posicionamento do Planalto em me considerar um aliado. Mas não há qualquer ação prática do governo no sentido de [influenciar na escolha da liderança do PMDB]”, destacou.
Comissão do impeachment
Picciani também afirmou que, se for reconduzido à liderança, vai contemplar a ala dissidente do PMDB na indicação para a comissão especial que analisará o processo do impeachment de Dilma. O fato de ele ter escolhido apenas peemedebistas alinhados com o Executivo foi o estopim para a mobilização que culminou com sua destituição temporária.
"Certamente faremos uma indicação diferente. A ideia é fazer uma indicação que mescle essas duas chapas, a chapa indicada pela liderança e a chapa avulsa", prometeu o líder do PMDB.