Peter confirma primeiro superávit no Flu e estima valor em R$ 17 milhões.
29/12/2015 11:44
Uma das principais bandeiras da gestão Peter Siemsen, o déficit zero finalmente será alcançado pelo Fluminense. O presidente, ao participar da sessão do Conselho Deliberativo que debateu as finanças do clube em 2015, na noite desta segunda-feira, nas Laranjeiras, confirmou que a temporada terá superávit: as contas fecharão no azul, com estimativa de R$ 17 milhões. A oposição, porém, fez ressalvas.
A reunião extraordinária foi convocada pelo presidente do Conselho Marcus Vinicius Bittencourt para analisar o pedido de suplementação orçamentária de R$ 35,9 milhões - aprovado por 55 votos, com dez contrários e sete abstenções. Porém, apesar de uma despesa acima do previsto para o ano, o resultado, segundo Peter, foi bom.
- Devemos fechar com o superávit de R$ 17 milhões. É algo que não acontece faz muito tempo. Desde 2010, ano em que assumi, recebi o clube com déficit acima dos R$ 40 milhões. Em 2011, enquanto arrumava a casa, foi de R$ 34 milhões. A partir de 2012, o déficit sempre esteve perto de zero. Agora teremos um superávit considerável. Houve aumento de receita, que chega na casa dos R$ 180 milhões. Mesmo que da venda de Gerson tenha entrado apenas 1,5 milhão de euros (R$ 6,7 milhões, à época). O restante entrará na receita do balanço de 2016. O clube caminha bem considerando que, em dezembro, houve a ruptura abruta do antigo patrocinador (Unimed). O clube fez a lição - disse Peter, ao lembrar que o balanço será divulgado em março, antes do começo da sessão.
Para o presidente, o pedido de suplementação é "normal". Ele discordou das críticas feitas por conselheiros oposicionistas, que entendem ser preocupante a situação financeira do clube.
- Na verdade, a receita cresceu na ordem de R$ 52,7 milhões. A suplementação está baseada em alguns aumentos específicos: direitos de imagem de jogadores e comissionamento de agentes, dois itens que, até o ano passado, eram quase que integralmente responsabilidade do antigo patrocinador. Então, é natural que haja acréscimo nisso. Houve acréscimo de inflação em água e energia elétrica, especialmente. E sofremos ainda com a variação cambial. Pagamos algumas dívidas tomadas em moeda estrangeira - completou Peter.

O aumento da receita se deve as vendas de atletas, como Kenedy, Conca e Wagner. Ao empréstimo de Cícero. Ao aumento da receita com os jogos no Maracanã. E ao desconto no pagamento de dívidas antigas pela adesão ao Profut (Programa de Modernização da Gestão e de Responsabilidade Fiscal do Futebol Brasileiro).
Embora a aprovação do pedido de suplementação, alguns conselheiros reclamaram da medida. Ademar Arrais, um dos mais críticos da atual gestão, ao lembrar que houve um voto contrário no Conselho Fiscal, foi duro. Reclamou da falta, do que definiu, de falta de transparência. Alegou, na sua manifestação, por exemplo, que mudanças na relação com o Maracanã não foram informadas. Chegou a dizer que Peter "não era dono do clube". Após a sessão, avaliou a aprovação do pedido de suplementação orçamentária.
- Foi muito ruim ao Flumiennse a aprovação do pedido de suplementação sobretudo no caso do Maracanã. O Conselho aprovou uma despesa de quase R$ 10 milhões sem nenhum termo aditivo ao contrato inicialmente assinado ou consulta ao Conselho Fiscal ou Conselho Deliberativo. Apenas uma combinação entre o presidente e a administradora do estádio - disse, para completar:
- É um erro de concepcção. É claro que desejo o superávit. Porém, superávit formado apenas com venda de jogadores para cobertura de erros administrativos não é mérito nenhum. Na realidade, estão alienando o patromônio do clube. O fato de ter superávit não justifica gastar mal ou gastar sobretudo sem ter contrato. O clube aumentou despesa com escritório de advocacia,
no Sócio Futebol, direitos de imagem... diversas despesas incongruentes. Foram R$ 5 milhões com rescisões e multas, por exemplo.
O orçamento de 2016, outro tema que seria abordado na sessão do Conselho, acabou não sendo debatido porque a direção não o apresentou - o motivo seria uma possível mudança de patrocínio do clube. Com isso, o assunto só deve ser colocado para votação em março.