Pedro Corrêa começa a prestar depoimentos na delação premiada.

06/04/2016 09:45

O ex-deputado e ex-presidente do PP, Pedro Corrêa, começou a prestar os primeiros depoimentos da delação premiada, assinada no mês passado. A TV Globo apurou que Corrêa está no quarto dia de depoimentos, que estão sendo feitos diariamente, das 9h às 17h, na Polícia Federal, em Curitiba, onde está preso. A assinatura do acordo foi revelada pelo G1 no dia 14 de março, e a delação ainda precisa ser homologada pela Justiça.

Corrêa é o segundo político que decide entregar o que sabe em troca de possível redução de pena. O primeiro foi o senador Delcídio do Amaral (PT-MS), que firmou acordo com a Procuradoria Geral da República. Na delação de Delcídio, o senador fez acusações ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e à presidente Dilma Rousseff.

 

No acordo de delação premiada, o ex-deputado revelou alguns dos supostos crimes e personagens envolvidos nas irregularidades investigadas pela operação Lava Jato. Entre eles, o ex-presidente Lula, com quem relatou ter tido encontros que envolviam a negociação pra colocar Paulo Roberto Costa na diretoria de Abastecimento da Petrobras e favorecer desvios para o Partido Progressista (PP).

Segundo a revista "Época", na delação, Corrêa também citou interferência direta de Lula na Petrobras. Ele informou que, entre 2010 e 2011, foi com ex-deputado do PP João Pizzolati ao escritório de advocacia de Luiz Eduardo Greenhalgh, petista próximo a Lula. Lá, eles teriam encontrado Marcos Valério e mais um empresário que Corrêa não recorda o nome.

Greenhalgh, Valério e o empresário teriam pedido a Corrêa e Pizzolati ajuda para fechar uma operação de compra e venda de petróleo com a diretoria de Abastecimento da Petrobras, então sob o comando do ex-diretor Paulo Roberto Costa, também investigado na Lava Jato. Segundo a versão de Corrêa, Costa negou. Mas, ainda segundo ele, meses depois o negócio foi fechado. Corrêa conta que isso ocorreu porque Lula interferiu pra que a transação saísse.

Quando Corrêa assinou o acordo de delação, em março,  o Instituto Lula informou, por meio de nota, que não comentaria o caso. "O Instituto Lula não comenta falatórios. Quem quiser levantar suspeitas em relação ao ex-presidente Lula que o faça diretamente e apresente provas, ou não merecerá resposta."

Condenação
Em outubro do ano passado, Pedro Corrêa foi condenado pela Justiça Federal do Paraná pelos crimes de corrupção e lavagem de dinheiro a 20 anos, 7 meses e dez dias de prisão. Em dezembro, o juiz Sérgio Moro  corrigiu a sentença  e reduziu em quatro meses a pena, que agora é de 20 anos, três meses e dez dias de reclusão.

A alteração foi feita após o Ministério Público Federal avisaro o juiz de que ele havia errado o cálculo da pena relativa aos crimes de lavagem de dinheiro cometidos por Pedro Corrêa.