Faltam leitos de hospital, para atender quem precisa na Baixada Fluminense. Essa semana, a equipe do Bom Dia Rio esteve no Hospital da Posse, em Nova Iguaçu, o principal da região, e registrou a espera no corredor de pacientes que precisam de exames. A equipe ficou uma hora dentro do hospital e flagrou vários parentes de pacientes reclamando da falta de estrutura da unidade.
Pela pintura, equipamentos e limpeza, é possível perceber que o hospital foi recentemente reformado. Em novembro, pacientes reclamavam do mau cheiro, da falta de manutenção e de equipamentos. O que não mudou, foi a falta de espaço para atender a todos.
Parte do corredor foi transformada em sala de atendimento.
“Tem várias situações aqui, inclusive até para a cirurgia”, diz um parente de paciente.
Parentes de um homem com obstrução no intestino dizem que ele espera há seis horas para fazer um exame.
“Está esperando a tomografia lá em cima, para depois ver todo o processo. Ele comeu na segunda-feira. fez oito dias sem comer nada”, reclamou outra parente.
Nos corredores, pessoas sentindo muita dor, ainda sem leito. Essa mulher acompanha o marido no hospital, que caiu e bateu a cabeça três dias antes.
“Ele levantou de manhã, domingo, para escovar os dentes, desmaiou, caiu no chão e deu coágulo. Ele estava vomitando sangue e saindo sangue pelo nariz”, diz a mulher de um paciente. Ela diz que o marido foi medicado, mas não sabe quando ele vai sair do corredor. “A gente estava lá na frente, domingo. Depois, veio para cá, na madrugada, estamos aqui desde domingo”.
Apesar da falta de espaço, o atendimento médico é elogiado.
“Ela foi bem atendida. Ela está aqui até abrir uma vaga lá dentro”, diz a parente de outra paciente.
Na Sala Verde, que recebe os pacientes de casos menos graves, um congestionamento de macas. E com tanta gente no mesmo ambiente, o hospital está longe de ser um local silencioso.
Uma pessoa da equipe médica desabafa: “De uma semana para cá começou a encher, tem gente internada lá na emergência nova, que nem tinha. Mas não adianta. Um hospital para a Baixada inteira é muita coisa, não tem jeito. Aqui pelo menos tem exame, tem uma estrutura. Mesmo assim, falta muita coisa”, diz uma médica.
Ela conta situações que passa em outros hospitais públicos em que trabalha. “Às vezes você deixa de salvar o paciente porque não tem isso, não tem aquilo. Você fica estressado porque estudou seis anos para salvar vidas, não para você escolher quem é que vai morrer. Você tem que escolher. Olha, não tem isso, não tem aquilo, não tem respirador. Então, vamos nesse que é mais viável”, conta a médica.
A direção do Hospital Geral de Nova Iguaçu (Posse) enviou uma nota, em que admite a superlotação. Informou que apesar do hospital ser municipal, atende toda a demanda de urgência e emergência da Baixada Fluminense. E por estar perto da Via Dutra, também atende vítimas de acidentes, o que contribui para superlotar a unidade.
Segundo o hospital, até março eram feitos seis mil atendimentos por mês. Desde o dia 22 de março, quando começou a funcionar a nova emergência, passou para 11 mil por mês, quase o dobro.
O hospital diz que uma equipe acompanha o número de atendimentos para planejar melhorias. E que, a abertura de uma outra unidade que atenda pelo SUS também está sendo estudada.
Jornal Folha do Rio.