O que Jefferson está dizendo a cada botafoguense.

12/01/2015 11:35

O aspecto mais óbvio da renovação de Jefferson com o Botafogo é a garantia de que o Alvinegro vai contar com o que há de melhor para defender sua meta na empreitada de retornar à elite do futebol brasileiro, que promete ser uma tarefa que faria os trabalhos de Hércules parecerem gincana escolar. Isto é o que trafega na superfície. Nos porões da psicologia botafoguense, no entanto, a questão é mais complexa e expressiva .

Porque há um outro significado, repleto de simbolismo e mesmo mais importante do que continuar contando com o goleiro da seleção brasileira: em uma atitude que foge da obviedade comercial do futebol atual, Jefferson deixou de lado a praticidade e a lógica e escolheu a abnegação. No caso, abnegação incondicional pelo Botafogo, em um ano que talvez seja decisivo para as próximas DÉCADAS (e, sendo mais dramático, talvez para a existência) do Glorioso. E a mensagem velada que esta opção comunica é, na verdade, um chamamento, uma convocação: se Jefferson acredita, cada botafoguense tem a obrigação de acreditar também.

 


(Foto: Vitor Silva / SSpress)

Quando um grande clube cai pela primeira vez para a Segunda Divisão, é normal e compreensível que seja acolhido pela sua torcida, que geralmente é responsável pelo retorno imediato à elite, nem que seja na base do grito. No fim da temporada, com as amígdalas esfoladas, o time está de volta ao convívio dos grandes. Assim aconteceu com Grêmio, Palmeiras, Galo, Vasco, Corinthians e com o próprio Botafogo.

A situação começa a encrespar mesmo quando o rebaixamento se repete. Não há mais aquele senso de urgência e ineditismo da primeira queda. Não existe mais aquela cumplicidade dolorida de juntos, torcida e time, batalharem pela redenção. E é exatamente esta parceria inflexível entre campo e arquibancada que a permanência de Jefferson deve tornar realidade. 

Se um dos maiores goleiros do continente, que teria as portas abertas em qualquer clube do país, decide que vai tentar fazer com que a estrela solitária não DESFALEÇA até ser engolida pela escuridão, é obrigação do torcedor abraçar o time de forma incondicional, lotar o estádio em cada uma das 19 rodadas como mandante na Segundona e gritar como se disso dependesse a existência não apenas do Botafogo, mas de toda a espécie humana. Não interessa o quão complicada é a questão financeira e administrativa do clube, se o time em campo não honra a tradição alvinegra, nem se aparecerem fracassos retumbantes em diversos momentos da temporada.

Em 2015, há uma questão de grandeza maior, insuperável: manter o Botafogo vivo. É isso que cada botafoguense vai lembrar quando a situação estiver medonha e lá dentro do campo, defendendo sua meta, ele observar alguém que não optou pela frieza da decisão óbvia. Alguém que escolheu resistir junto com o Botafogo. Resistir pelo Botagofo. Esta é a mensagem que a permanência de Jefferson deve estampar na alma de cada botafoguense.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Jornal Folha do Rio.