NAC suspende Wand por três anos e atleta só pode voltar a lutar em 2017.

18/02/2016 12:35

A Comissão Atlética de Nevada (NAC) finalmente redefiniu o futuro de Wanderlei Silva. Em julgamento na sede do órgão, nesta quarta-feira, os comissários decidiram suspender o lutador por três anos, retroativos a 24 de maio de 2014, dia em que ele se recusou a se submeter a um teste antidoping surpresa. Com isso, o “Cachorro Louco” só poderá voltar a competir no estado americano em maio de 2017.

Apesar de ter jurisdição apenas nos combates de luta não-armada em Nevada, onde fica Las Vegas, a NAC é a comissão atlética estadual mais influente dos EUA. Por isso, a decisão desta quarta-feira deve ser acatada por outras comissões atléticas americanas e, inclusive, pela CABMMA (Comissão Atlética Brasileira de MMA).

Ross Goodman NAC Audiência Wanderlei Silva (Foto: Evelyn Rodrigues)Ross Goodman, advogado de Wanderlei Silva, na audiência da Comissão Atlética de Nevada (Foto: Evelyn Rodrigues)



Inicialmente, Wand havia sido banido do esporte pela NAC, em setembro de 2014, e multado em US$ 70 mil (cerca de R$ 300 mil) por ter fugido de um exame antidoping surpresa antes da luta agendada contra Chael Sonnen, no UFC 175. O brasileiro conseguiu reverter a punição na Justiça dos EUA em maio do ano passado, que exigiu que a Comissão Atlética de Nevada fizesse novo julgamento. Três audiências disciplinares foram agendadas e adiadas desde então pelo órgão, que finalmente definiu o futuro do “Cachorro Louco” nesta quarta-feira.

A audiência

Wanderlei era o primeiro item da pauta, mas seu advogado, Ross Goodman, chegou 15 minutos atrasado. Com isso, o caso do brasileiro foi o último item a ser discutido. Ao apresentar a acusação, a advogada da NAC recomendou suspensão de dois anos e meio a quatro anos ao lutador, levando em conta as penas estipuladas pela USADA (agência responsável pelo controle antidoping do UFC) por infrações ao código de conduta do Ultimate e o novo regulamento da comissão, que entrou em vigor em fevereiro de 2016. A advogada afirmou que Wanderlei ter fugido do local do exame e ter ido para o Brasil logo em seguida seriam dois fatores agravantes que deveriam ser levados em consideração.

O chairman da comissão, Anthony Marnell, no entanto, lembrou que, na época em que os fatos ocorreram, tais códigos de conduta mencionados pela advogada ainda não eram públicos, assim como não estava em vigor a parceria entre o UFC e a USADA.

Em seguida, a comissária Pat Lundvall lembrou que, na época, a pior infração que um lutador poderia cometer seria fugir de um teste ou se recusar a fazer um exame surpresa, o que poderia estipular pena de 28 meses de suspensão para a primeira infração, e de banimento para a segunda infração. Lundvall também ressaltou que diuréticos são consideradas substâncias mascarantes para uso de substâncias proibidas e que isso deveria ser levado em consideração na definição da pena.

Ross Goodman NAC Audiência Wanderlei Silva (Foto: Evelyn Rodrigues)A exemplo das outras audiências realizadas na NAC, Wanderlei Silva não esteve presente (Foto: Evelyn Rodrigues)



O advogado de Wand, então, pediu para ouvir algumas testemunhas, incluindo o diretor da NAC, Bob Bennett. Pego de surpresa, Bennett concordou em depor e respondeu às perguntas de Goodman, mas foi impedido de prosseguir após o advogado tentar incluir um memorando de 2008 como uma nova prova. A comissão alegou que estava apenas cumprindo a determinação da Justiça em realizar um novo julgamento e lembrou ao advogado que a juíza determinou que o órgão tem, sim, jurisdição sobre o lutador, que ainda não estava licenciado para lutar em Nevada na época dos acontecimentos.

Goodman relembrou que, há dois anos, a NAC seguia o protocolo da WADA (Agência Mundial Antidoping), que recomendava punição de dois anos em caso de primeira condenação para lutadores pegos com diuréticos. Em seguida, a comissária Pat Lundvall deixou claro que, pelo fato do duelo entre Wanderlei Silva e Chael Sonnen ter sido cancelado por conta dos acontecimentos, não fazia sentido eles multarem o lutador, mas recomendou suspensão de quatro anos a partir do dia em que ele não realizou o exame. Foi o ex-chairman da NAC, Francisco Aguilar, quem propôs a moção de suspensão de três anos, sem multa. Aberta a votação, a nova punição foi aprovada por unanimidade.

Ao final da audiência, o advogado de Wand comemorou a redução da punição em entrevista aoCombate.com, e afirmou que ainda pretende recorrer à Suprema Corte de Nevada:

- É um reconhecimento da comissão de que eles não tinham jurisdição sobre o Wanderlei para impor a punição anterior, de US$ 70 mil de multa. Dessa vez, eles não estipularam nenhuma punição nesse sentido. Claro que ainda estipularam a suspensão de 36 meses, que é melhor do que o banimento. Agora nós finalizamos nosso trabalho com a comissão e podemos acelerar o processo com a Suprema Corte de Nevada, porque pretendemos apelar com relação ao problema principal que é a comissão não ter jurisdição para punir Wanderlei Silva. Eu acredito que teremos uma decisão nos próximos 12 meses, com relação a retirar todas as acusações da NAC - finalizou Goodman.