Micale mantém filosofia após empate: “Não basta ganhar dando chutão”
31/01/2017 12:11O sabor foi amargo, mas o gosto poderia ter sido ainda pior. Não teve como sair do empate com o Equador nesta segunda-feira, em Quito, sem um sentimento de frustração. Afinal, a Seleção abriu 2 a 0, mas deixou o rival empatar na etapa final com dois gols de pênalti. Só que Rogério Micale reconhece: poderia ter sido ainda mais doloroso, e o Brasil correu sério risco de estrear no hexagonal final com uma derrota para os donos da casa. E para o treinador teria sido ainda pior abrir mão da filosofia de formar jogadores apenas para tentar segurar a vitória na marra.
- Temos um modelo de jogo e acreditamos nele. Mais que vencer a qualquer preço, queremos ganhar da forma que acreditamos. Queremos ganhar o campeonato, queremos ir ao Mundial, mas queremos ganhar com a nossa forma de jogar. Não basta ganhar dando chutão para o lado. Estamos em formação. E isso sempre é mais difícil. Essa sempre é a nossa missão – disse o treinador na coletiva de imprensa.

Questionado sobre a falta de equilíbrio da Seleção, que começou mal, cresceu, mas parou no fim, Micale encarou com naturalidade, sobretudo por conta do cansaço que dá jogar em 1,8 mil metros de altitude. No final das contas, na visão do treinador, o prejuízo não foi tão grande assim.
- Não começamos bem. Tomamos dois sustos que nos trouxeram preocupação logo no começo do jogo. Colocamos a bola no chão. Nos impomos. As coisas começaram a fluir, fizemos dois gols, a partida estava controlada... até o pênalti. Depois tivemos um desequilíbrio. Pesa um pouco a adaptação. Contra o time que é local, acostumado com isso, a tendência é sentir um pouco. A equipe do Equador cresceu com o jogo... Ninguém gosta de um resultado desses. Mas tomamos um susto que poderia ser até pior. Não saio satisfeito, mas, no final das contas, o empate foi um bom resultado.
Laterais decidem na frente, mas falham atrás
Com três mudanças em relação ao time titular na estreia do Sul-Americano, Maycon foi o que correspondeu melhor, com direito a gol. Matheus Sávio não conseguiu aparecer bem na criação, como fizera na vitória sobre o Paraguai, e Gabriel fez o pênalti que originou o empate equatoriano. Nas laterais, Dodô e Arana apareceram bem no ataque (o primeiro com assistência e o segundo com gol), mas deixaram buracos na defesa e viram o adversário criar grandes chances pelas pontas.

No ataque, o destaque foi David Neres, curiosamente logo ele que vinha sendo a figura mais apagada desse trio de ataque com Felipe Vizeu e Richarlison. O flamenguista, artilheiro da Seleção com dois gols, ficou muito isolado, como já acontecera em outros jogos, enquanto Richarlison não conseguiu repetir as boas exibições.
Diante desse empate, quem tem muito a agradecer é o Uruguai, único time que venceu na rodada com direito a um acachapante 3 a 0 sobre a Argentina. Com a Celeste isolada na liderança e nossos hermanos na lanterna, o hexagonal tem as outras quatro equipes empatadas com um ponto. Nesse cenário, a seleção brasileira terá já na segunda rodada um confronto fundamental na luta pelo título, contra o Uruguai, na quinta-feira, já que uma eventual derrota permitirá o rival disparar na ponta.
