Lula discute mapa de votos com parlamentares.

06/04/2016 09:41

Como uma liminar do STF suspendeu sua posse como ministro-chefe da Casa Civil, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva está fazendo da suíte do hotel onde se hospeda em Brasília o seu escritório político. 

De lá, recebe deputados e senadores e comanda a articulação política do governo Dilma para enfrentar o processo de impeachment em tramitação na Câmara. 

Neste momento, Lula faz um mapa de votos e, por seus cálculos o governo pode enterrar o processo com mais de 200 votos. 

Ao mesmo tempo, discute o tom do discurso de Dilma no 'day after" –  que, para ele, deve ser "um discurso de generosidade e pacificação do país', conforme afirmou a seus interlocutores.
 
Segundo os cálculos de Lula, a presidente Dilma pode contar com 100 votos dos partidos de esquerda (PT, PC do B. PDT e PSOL) e mais 25 votos do PP; 25 votos do PR; 10 do PSD (sendo que, nesse caso, cinco ligados a Kassab e mais cinco baianos ligados a Jacques Wagner); 10 votos do PRB; e ainda 25 votos do PMDB e outros votos pingados de partidos nanicos e até do PSB. 

A partir daí, ele aposta no "efeito manada" – diante da perspectiva de vitória do governo, "muitos outros vão pular para dentro do barco", disse, segundo um parlamentar que esteve com ele nesta terça-feira.
 
Diante da perspectiva de vitória no processo de impeachment, segundo seus próprios cálculos, Lula já estaria pensando em medidas econômicas para animar a economia, que está em recessão forte (há quem preveja recuo de 5% neste ano) e estaria dando como garantia mudança na política monetária, com a redução da taxa de juros Selic.
 
"Tem de passar a mensagem de que o país está perdendo muito com a crise politica e que, superado este problema, o país vai retomar o caminho, animar a economia e gerar mais emprego", pregou Lula a seus interlocutores.
 
A esta altura das articulações, petistas dizem que ainda há a expectativa em relação à possibilidade de Lula ser empossado ministro da Casa Civil, o que daria a ele maior desenvoltura no trabalho de articulação política. 

Isso não pode acontecer enquanto o ministro Gilmar Mendes não remeter a liminar que concedeu suspendendo a posse para apreciação do plenário do Supremo Tribunal Federal (STF). Nâo se espera mais que o ministro libere a discussão nem mesmo para a semana que vem.
 
"O ministro Gilmar Mendes jogou a bola no mato. E não vai trazê-la para o jogo na semana de véspera do julgamento do impeachment", disse um petista, comparando a bola à liminar que precisa ser analisada pelo plenário do tribunal.