
A Justiça do Rio aceitou denúncia contra quatro suspeitos de vender ilegalmente imóveis de um condomínio do programa Minha Casa, Minha Vida em Senador Camará, Zona Oeste do Rio. O principal deles, Bruno de Albuquerque Ferreira, era funcionário de uma empresa contratada pela Prefeitura do Rio e, segundo reportagem do RJTV desta sexta-feira (30), trabalha no gabinete do deputado federal Jorge Bittar (PT), ex-secretário municipal de habitação.
Uniforme da prefeitura
A pasta informou, por nota, que Bruno prestou serviços através da tal empresa entre janeiro de 2010 e novembro de 2012. Assim que foi informada do envolvimento, a secretaria municipal de habitação teria denunciado o caso à Polícia Federal. Já a assessoria do deputado Bittar disse que o parlamentar tomou conhecimento do caso pela reportagem e não teve acesso ao processo. O funcionário, segundo a nota, terá direito de apresentar sua defesa.
De acordo com a delegada Carolina Salomão, Bruno cobrava entre R$ 3 mil e R$ 12 mil para as famílias. Ao menos 16 delas foram trapaceadas. Segundo as vítimas, ele visitava o condomínio em carro oficial da Prefeitura com o uniforme da Secretaria Municipal de Habitação.
As investigações mostram que Bruno tinha acesso à lista dos apartamentos do condomínio Ayres que estavam ou não ocupados. Com base neste documento, ele identificava os imóveis vazios e fazia negócio. As mais de 400 unidades habitacionais, porém, são destinadas somente a famílias que moravam em áreas de risco ou que foram reassentadas por causa de obras públicas. Os compradores só descobriram que caíram em um golpe quando receberam notificação para desocupar os apartamentos.
A denúncia foi feita em abril pelo "Fantástico". Na ocasião, Bruno pediu para dar entrevista sem mostrar o rosto, alegando temer pela própria vida e pelo risco de ter a imagem prejudicada por "falsas acusações". Outras três pessoas que agiriam no esquema foram investigadas. Diego Lázaro Moura disse em depoimento que conhecia Bruno e assumiu que negociava os imóveis do programa do governo federal. Maria da Paz de Souza não foi encontrada, nem Lupércio Barbosa da Silva, que já é considerado foragido por ter um mandado de prisão por roubo. Todos eles vão responder por estelionato, uso de documento falso e formação de quadrilha.
Jornal Folha do Rio.