"Goleiro-atacante", Alisson convence Dunga com qualidade inusitada.
03/06/2016 15:58Goleiro é o que não falta na seleção brasileira. Além dos três convocados, há outro trio de currículo respeitável na comissão técnica, todos campeões mundiais: Gilmar Rinaldi, Taffarel e Rogério Ceni. Mas é justamente um arqueiro de postura diferente o escolhido por Dunga para ser o titular na Copa América: Alisson, aquele que, segundo o comandante, “pensa como atacante”.
- Tive a oportunidade de trabalhar com ele no Internacional, conhecia suas características, mas conversando com o pessoal do futebol e, falando com o Tinga, ele me colocou uma observação: ele pensa como atacante. Aí todo mundo pergunta: "ele é goleiro". Mas quando ele vai na bola ele pensa como se estivesse no lugar do atacante, aonde vai chutar, de que forma, então, ele tem outra postura. Comecei a observar porque o goleiro geralmente pensa como goleiro, se atira como goleiro, mas ele tem que pensar na reação do atacante. E além da personalidade, sem dúvida nenhuma – explicou o treinador, em entrevista coletiva antes do jogo contra o Panamá.

Alçado à titularidade por Dunga no início das eliminatórias, Alisson terá a chance de iniciar jogando em sua primeira competição de tiro curto. Na última Copa América, Jefferson foi o escolhido pelo treinador, mas em seguida perdeu a posição. Desde então, o goleiro do Internacional, que irá para o Roma após a competição, conquistou seu espaço e virou um dos prediletos de Dunga.
O “pensar como atacante” a que se referiu Dunga também tem a ver com a habilidade de Alisson com os pés. Nos treinos elaborados por Taffarel, o desempenho do goleiro é bom em lançamentos longos e passes mais curtos. Contra o Panamá, o arqueiro atuou quase como líbero em diversos momentos, tendo a percepção de sair do gol para “limpar” as bolas lançadas para os atacantes rivais.
A forma como Dunga descreveu as qualidades de Alisson mostra como o treinador está encantado com o goleiro. Curiosamente, o arqueiro não tem característica de bater faltas ou pênaltis, como o auxiliar pontual Rogério Ceni, numa descrição mais comumente associada a atacantes. Para o treinador, o que faz a diferença é forma de se antecipar de Alisson.
Até agora, o goleiro disputou seis partidas pela Seleção, todas como titular. Cinco delas eram válidas pelas eliminatórias, e outra foi um amistoso.