Gigantes das areias festejam o título mundial de vôlei de praia

14/08/2017 10:45

Carioca Evandro e o capixaba André conquistaram a vitória em Viena

O DIA

Rio - O topo do vôlei de praia mundial é do Brasil, reflexo de muito trabalho e talento da dupla Evandro e André. Graças a dois gigantes, um carioca e um capixaba, que se uniram neste ano e, apesar do pouco tempo de parceria, mostraram entrosamento de sobra para conquistar, há uma semana, o Campeonato Mundial, em Viena. Na final, eles tiveram força mental para enfrentar a pressão da torcida austríaca numa arena lotada e derrotar os donos da casa, Doppler e Horst, por 2 sets a 0 (23/21 e 22/20).

“A ficha começou a cair quando a gente chegou ao Brasil, vendo a movimentação dos amigos, dos familiares e a própria mídia valorizando esse título. Deu uma despertada na gente para a grandiosidade desse feito, de ter conquistado esse Mundial. Somos uma dupla recém-formada e já conquistamos esse título que as pessoas visam muito. É quase uma Olimpíada. É um campeonato que está abaixo da Olimpíada, mas acima de todos os outros”, comentou o capixaba André, antes de mais uma tarde de preparação física na Academia Bodytech, em Ipanema.

Evandro e André conquistaram a medalha de ouroMárcio Mercante / Agência O Dia

Para erguer o troféu, eles mostraram poder de reação e viraram um placar adverso na final. “Nossa derrota para o México na Copa do Mundo, no último jogo da chave, foi até muito importante para a gente. Detectamos algumas falhas nossas. Depois desse jogo, não deixamos que elas voltassem à tona. Principalmente na final da Copa do Mundo, depois de estar perdendo por 20 a 16, conseguimos reverter o placar, contra os jogadores da casa, com um público de 10 mil pessoas”, recordou o carioca Evandro.

Nascido em Vila Velha, André tem 22 anos e 2,01m. Ele começou no esporte praticando basquete na escola e, aos 15 anos, sua altura lhe rendeu um convite para o vôlei de quadra. A carreira nas areias teve início há apenas quatro anos e foi meteórica: ele despertou o interesse do campeão olímpico Ricardo, que o chamou para ser seu parceiro. Neste ano, iniciou a dupla com Evandro e, em pouco tempo, já festeja o título mundial.

TÉCNICO É UM ‘PAI DA VIDA’

“Foi tudo muito rápido. Isso é muito reflexo do trabalho que eu comecei com o Leandro Brachola (treinador), que já me colocou para treinar com medalhistas olímpicos. A minha evolução foi muito rápida. Consegui meu espaço no Brasileiro, chamei a atenção do Ricardo e agora jogo com um cara que acabou de disputar uma Olimpíada aqui no Rio, já conquistando esses pódios e a Copa do Mundo. É surreal a velocidade com que isso aconteceu”, destacou.

Nascido e criado em Madureira, Evandro tem 27 anos e 2,10m. Ele iniciou no vôlei jogando no Tijuca Tênis Clube e teve passagens ainda pelo Fluminense e pelo Banespa (SP) antes de seguir para a areia. Nessa trajetória na praia, ganhou um pai, o técnico Ednilson Costa. “Estou com ele há sete anos. Viu coisas na minha vida, principalmente a perda do meu pai. Perdi um pai, mas ganhei um pai da vida. Ele é muito importante para mim. Eu confio demais nele. O Ednilson me cobra bastante, todos os dias, dentro e fora de quadra. Para tudo peço a opinião dele, quero saber o que acha”, contou Evandro.

No ano passado, ele disputou a Olimpíada do Rio ao lado de Pedro Solberg, sendo eliminado nas oitavas de final do torneio em Copacabana. “É o ápice de qualquer atleta jogar uma Olimpíada. Foi um aprendizado. Quero passar isso para o André. Temos objetivos juntos. Agora é com o André que eu quero conquistar a vaga para 2020 (Jogos de Tóquio)”, afirmou Evandro.

Para André, será a chance de disputar sua primeira Olimpíada. “É um longe que é perto. Passa muito rápido. A gente deu um grande passo neste ano e superou os nossos objetivos. Agora os objetivos vão crescendo e é manter o pé no chão e saber que a gente tem muito a evoluir”, destacou o capixaba.