Gestor geral mira profissionalização e receitas de R$ 200 milhões no Flu.
10/01/2014 13:36Em campo, o Fluminense tenta organizar o meio-campo com a volta de Conca, aposta na fome de gols de Walter e nas decisões de Renato Gaúcho. Fora das quatro linhas - seguindo modelo de ter executivos na gestão dos clubes - o presidente Peter Siemsen contratou Luiz Fernando Pedroso para ser diretor executivo, um gestor geral que foca em todas diretrizes: parte social, esportes olímpicos e futebol. Economista, ex-diretor da editora Ediouro e com cargo remunerado no Tricolor, Pedroso mira a profissionalização, admite que os abalos na saúde financeira são muito difíceis, mas destaca que recuperar é possível. Outra meta é investir no projeto sócio-torcedor, gerar receitas para fortalecer o futebol e começar a preparar terreno para não viver em terra arrasada com uma possível futura saída da Unimed, que atualmente injeta cerca de R$ 40 milhões anuais.
- Sou executivo. E sempre tenho de olhar a curto, médio e longo prazos. Meu mandato não acaba em três anos. Não fui eleito para nada. Sou contratado. Posso ser demitido daqui a um mês, dez anos. Tenho de fazer o melhor. Quando acabar o mandato do Peter, espero que ele deixe um legado. Entre eles, a profissionalização. Deixar isso para que o próximo presidente encontre facilidade para fortalecer. Isso o Peter não teve. Encontrou, pelo que ouço, terra arrasada. Estou aqui para fazer o Fluminense mais forte. Não em um ano, mas a cada dia - afirmou Pedroso.

O economista trabalhou na Petróleo Ipiranga (indústria química), foi superintendente financeiro da Bolsa de Valores, atuou na área financeira do jornal O Globo, entre outros. Na Ediouro Publicações, Pedroso exalta o fato de ter entrado na empresa que tinha faturamento de R$ 40 milhões e atingido a marca de R$ 270 milhões. No Fluminense, ele trabalha em associação com departamento de futebol, marketing, social, com participação em reuniões e decisões dos setores.
O gestor aponta suas prioridades no cargo:
- Profissionalizar a gestão. Desde ter um organograma definido e aprovado pela Conselho de Administração, estratégias de médio e longo prazo definidas e perseguidas. Isso é possível alcançar rapidamente. Mesmo com problemas e asfixia financeira, e eventos políticos. O Fluminense já é forte, mas pode ser ainda mais em termos de estrutura para ganhar tudo no futebol. Esse é o objetivo.
Nos momentos de lazer, Pedroso é adepto do surf, já encarou altas ondas no Havaí e pororocas no Brasil e no mundo. Nas Laranjeiras, chegou para ocupar a vaga de Jackson Vasconcellos, que segue como assessor especial da presidência. O novo gestor chegou em meio ao maremoto que foi a queda e, depois, permanência na Série A do Brasileirão.
Em seguida, já vivenciou um embate - mais um - entre o presidente Peter Siemsen e o mandatário da patrocinadora, Celso Barros, que defendeu a contratação de Renato Gaúcho; Siemsen era contra.
- Comecei aqui em meio à turbulência grande que foi a questão do rebaixamento e a posterior discussão. Depois, houve a discussão grande da Unimed e do presidente. Esse momento de turbulência me ajudou a conhecer o clube mais rápido. É nesse momento que se aproveita. Estou executando a função, me envolvendo em todos os assuntos. Estou ciente da situação financeira, muito difícil, mas recuperável. Vamos trabalhar muito, de forma profissional. Esse é o norte. A boa surpresa que tive foi com o nível das pessoas.
É muito boa. Dos vices, dos funcionários, as pessoas, o que faz a diferença na gestão de uma empresa e de um clube. Se conseguir organizar o grupo de forma profissional, o Fluminense, nos próximos anos, vai sair muito forte. Tenho convicção disso - disse.
Para gerir diversas áreas, Pedroso admite que no futuro poderão ser feitos projetos para separar futebol de outras áreas:
- Pode, no futuro, e acho que existem projetos, separar as gestões até para um não prejudicar o outro. O ideal é ter gestão separada, uma do futebol e outra do esporte olímpico, até como empresa, para se ter ganho de eficiência. Mas o esporte olímpico faz parte da história do clube. Não pode pensar em acabar. Tem de ficar maior, mais forte, eficiente e mais rentável. Se possível, rentável. É uma meta a ser perseguida.
Meta: dobrar o número de sócios-torcedores
De mãos dadas com o marketing, Pedroso também mira um projeto ligado ao futebol.
- O sócio-torcedor é uma bandeira muito forte, todos querem fazer e eu me entusiasmo com isso. Pretendo trazer um pouco da experiência que eu tive, não de sócio-torcedor, mas de circulação de jornal e revistas, fiquei 15 anos lidando com isso. Quero juntar um pouco disso, o conhecimento de marketing, trazendo pessoas conhecidas para fazer. Sou otimista demais, queremos 50 mil até o final do ano. Hoje, são perto de 30 mil. Não acho que seja difícil, tem de ser feito - destacou.
De olho na parceria com Maracanã
Pedroso busca ainda um equilíbrio entre corte de despesas e aumento de receitas.
- Existem as questões de receitas. Explorar melhor o contrato do Maracanã, por exemplo. Valorizar o clube. O foco tem de ser na receita. Não pode só reduzir despesas. Tem de estar determinado em aumentar a receita. O clube tem potencial, é formador de opinião. Muitos torcedores são. Tem de aproveitar isso. É uma vantagem competitiva que tem de ser aproveitada. Esse ano, se atingirmos R$ 200 milhões de receitas, será um número importante - concluiu.
Jornal Folha do Rio.