“Acaboooouuuu, é tetraaaaaa, é tetraaaaaa, é tetraaaaaaa!!!”.
Faz 22 anos, mas a memória de quem viveu e a internet eternizaram os gritos do narrador Galvão Bueno na conquista do tetracampeonato mundial da seleção brasileira, em 1994.
ENTREVISTA: ainda nesta sexta-feira, Galvão Bueno fala ao GloboEsporte.com sobre sua carreira, a seleção brasileira atual, Dunga, Neymar, Thiago Silva, e muito mais.
Seus óculos caindo, a gravata-bandeira dos Estados Unidos de Pelé, os pulos de Arnaldo Cézar Coelho... Cada uma dessas imagens voltou à memória de Galvão na última quinta-feira, quando, pela primeira vez desde 94, ele visitou o Rose Bowl, estádio daquela memorável final entre Brasil e Itália, e também da estreia da Seleção na Copa América Centenário, sábado, contra o Equador(veja a comemoração do trio no vídeo acima).

O narrador da TV Globo sentou-se perto do local de onde narrou a decisão. E olhou para onde ficava o enorme telão que, após a agoniante vitória por 3 a 2 nos pênaltis, depois de um teimoso 0 a 0 em 90 minutos de tempo normal e mais 30 de prorrogação, levou ao mundo a imagem de sua comemoração. Ou melhor, sua não, mas de um rei.
– As pessoas pensam que aquela imagem era nossa, mas ela apareceu no telão. Era a imagem oficial da Fifa, e só estava nos mostrando porque ali estava Edson Arantes do Nascimento. Quando aparecemos no telão, fomos aplaudidos. Foi a maior carona que eu peguei na vida (risos). Um beijo, Pelé! – relembra Galvão no VideoShow.
Um dos momentos mais inesquecíveis de sua longa carreira, o grito de “tetra”, copiado por centenas de pessoas, quem diria, deixa o narrador envergonhado.

– Eu morro de vergonha. É tão desafinado, tão fora do tom. Na hora cabia porque todo mundo em casa devia estar gritando junto, mas hoje eu vejo no “Jornal Nacional”: é tetraaaaa, é tetraaaaaa, é uma coisa meio louca – afirma.
No dia 17 de julho de 1994, Galvão e boa parte da equipe da TV Globo chegaram ao Rose Bowl, em Pasadena, região de Los Angeles, ainda pela manhã. Horas antes do jogo. Nessa sua visita de 2016, o calor que beirava o insuportável e a desorganização para a entrega das credenciais o fizeram viajar no tempo.
– Nada mudou, está tudo igual. Até esse corredor de acesso ao estádio. Não me lembro se era exatamente esse, mas era um corredor feio e grande como esse aqui (risos). Só que lá dentro estava lotado – relata o narrador, emocionado ao fechar os olhos e se lembrar do dia do tetra.
Sentado num dos milhares de bancos do Rose Bowl, Galvão botou a memória pra funcionar. E ela funcionou perfeitamente ao se lembrar que Romário, artilheiro do Brasil na Copa de 94, maior responsável pelo título que não vinha desde 1970, não estava na lista do técnico Carlos Alberto Parreira para a decisão por pênaltis.
– Ele falou: “Me coloca aí, parceiro, que eu vou bater” – revela, imitando a tradicional língua presa do craque.
A memória de Galvão também o levou a um bastidor das cabines de transmissão, onde estava o saudoso Luciano do Valle, que foi seu companheiro na TV Globo, na década de 1980, e narrou a final daquela Copa do Mundo pela TV Bandeirantes.
– Nossa amizade e rivalidade nos levou muito longe. E estava um calor insuportável, não havia cobertura onde ficávamos, e às vezes eu levava uma toalha molhada e colocava aqui na nuca dele. E dizia: “Não tem ninguém aqui para fazer isso por mim” (risos). Estou aqui hoje por você também, Luciano – diz Galvão, em homenagem ao amigo que faleceu pouco antes da Copa de 2014, no Brasil.

Ao fim da visita, em vez de um demorado “até um dia”, Galvão mandou um “até amanhã”, “até sábado” para o Rose Bowl. É que nesta sexta-feira o Brasil vai treinar no local do jogo de sábado, marcado para às 23h30 (horário de Brasília). A TV Globo e o GloboEsporte.com vão transmitir ao vivo. Com narração de Galvão Bueno, é lógico.
– Obrigado por me trazerem aqui – disse Galvão antes de sair do estádio.
Nós é que agradecemos.