
Um pouco tímido, o jovem Maurício Andreazzi vai logo dizendo: "Ainda vou quebrar muito na fala (risos)". Se durante entrevista o garoto pode parecer envergonhado, quando chamado por Vagner Mancini para assumir responsabilidades a postura é outra. Emprestado à base do Botafogo junto ao Santo André, o volante de 20 anos ganhou a oportunidade de treinar com o time profissional. A disputa da Copa do Brasil do sub-20 fez com que o jogador descesse para ajudar seus companheiros dos juniores. No início de outubro, a equipe foi derrotada pelo Figueirense, na primeira fase, e deixou a competição.
A tristeza por causa da eliminação, porém, transformou-se em euforia. Às pressas, ele foi chamado por Mancini para juntar-se aos relacionados para o jogo com o Corinthians, três dias depois, em Manaus. O volante sabia que havia entrado no meio da fogueira. Afinal, o time principal luta para fugir do rebaixamento do Campeonato Brasileiro. Mas a oportunidade era valiosa para Andreazzi. E o momento foi bom: em sua primeira participação - entrou no segundo tempo - o Botafogo venceu a equipe paulista por 1 a 0, de forma heroica. O jogador chegou a deixar Murilo em condições de ampliar o placar, mas o companheiro não conseguiu balançar as redes.
- Eu tinha jogado a Copa do Brasil pelo sub-20, e infelizmente não conseguimos nos classificar. Mas logo que acabou o jogo eu tive a surpresa de ser convocado para a partida contra o Corinthians. Fiquei muito feliz. Muito feliz mesmo. Comemorei com meus amigos do juniores, que me passaram toda a confiança. A vitória foi muito importante e criamos uma expectativa grande. Depois do jogo, o Mancini falou para mim que era só o começo, que a caminhada era longa - contou o volante.
A estreia como time titular aconteceu no último sábado, no triunfo por 2 a 1 sobre o Flamengo, também em Manaus. Andreazzi agradeceu à comissão pela confiança depositada nele para iniciar o clássico.
- Desde que comecei a trabalhar com o time de cima, eles me dão muita atenção, perguntam como estou, se interessam pela minha evolução. Apesar de ser um clássico, contra o Flamengo, entrei tranquilo por tudo aquilo que conversamos antes do jogo. O caminho é complicado, mas estou pronto para ajudar. Temos um grupo aguerrido, nunca vamos nos entregar.
Dentro do elenco, Andreazzi, nascido na capital de São Paulo se inspira no "vizinho" Gabriel, de Campinas. O companheiro tem apenas dois anos a mais que ele, mas se firmou no time titular e vem conquistando cada vez mais a confiança do torcedor alvinegro por sua disposição e quantidade de desarmes durante as partidas. Perguntado se suas características são semelhantes às do amigo, Andreazzi explica:
- Minha primeira bola é de cabeça. A intensidade com que eu jogo é bastante importante, a minha marcação também.

Campeão do Torneio OPG de 2013, em cima do Flamengo, na Gávea, Andreazzi só é chamado pelo sobrenome entre os jogadores "de cima", como ele denomina. Mas o volante deixa claro que a escolha partiu de Eduardo Húngaro, um dos auxiliares-técnicos, ainda na base.
- O Duda (Húngaro) que escolheu o apelido. Eram dois Maurícios na base. O Húngaro perguntou qual era o sobrenome de cada um. O outro era Castro. Ele viu qual ficaria melhor só com sobrenome. Vai que pega...
O contrato de empréstimo de Andreazzi ao Botafogo vai até o fim deste ano. O clube pode negociar a permanência do jogador com o Santo André.
Jornal Folha do Rio.