Frustrado por não enfrentar Rampage, Maldonado espera nocaute em Bossé.
20/04/2015 14:31Fábio Maldonado fez campanha nas redes sociais, pediu em entrevistas e foi atendido pelo Ultimate. Ele enfrentaria Quinton Rampage Jackson no próximo sábado, no UFC 186, em Montreal (CAN), mas um imbróglio judicial do ex-campeão do UFC com o Bellator impediu que ele fizesse sua reestreia na maior organização do mundo. O substituto encontrado para enfrentar o Caipira de Aço foi o canadense Steve Bossé, que não luta desde maio de 2013 e chegou a anunciar sua aposentadoria. O brasileiro não escondeu a frustração, mas se mostrou resignado e satisfeito por ao menos ter se mantido no card do evento.
- Recebi com tristeza, queria lutar com ele, seria bem empolgante. Acho que a nossa luta seria boa para todos. Para mim, para ele, para o UFC, para os fãs... Seria boa de ver. Agora, eu sou pago pra lutar, então não tenho que reclamar. Se colocaram alguém, vou lutar. Vou encarar e focar no meu adversário. Mas eu quero lutar com o Rampage ele desde 2003, sabia que essa seria uma boa luta. (...) Foi um pouco frustrante não enfrentá-lo. Só não é mais frustrante porque vou lutar, vou trabalhar - afirmou, em entrevista por telefone ao Combate.com.

Treinando na American Top Team (ATT), na Flórida (EUA), Maldonado acredita que irá mostrar a evolução em seu jogo após três meses de preparação. Mesmo assim, não pensa em mudar seu estilo e promete lutar em pé para buscar o nocaute a todo momento. Aos 35 anos, o Caipira de Aço tem um cartel de 22 vitórias e sete derrotas e, como meio-pesado (até 93kg), venceu seus últimos quatro rivais (nesse meio-tempo, lutou contra Stipe Miocic, pelo peso-pesado e foi nocauteado). Já seu oponente possui 10 triunfos e um revés na carreira.
O Caipira de Aço também contou sobre sua vida nos Estados Unidos, a dificuldade com o inglês e os planos de se mudar em definitivo para a Flórida, juntamente com a sua família.
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COMBATE.COM:Como recebeu a notícia da saída do Rampage do card e quão frustrante foi não enfrentá-lo, depois de ter feito campanha para que essa luta fosse marcada?
Fábio Maldonado: Primeiro, recebi com tristeza, queria lutar com ele, seria bem empolgante. Acho que a nossa luta seria boa para todos. Para mim, para ele, para o UFC, para os fãs... Seria boa de ver. Agora, eu sou pago pra lutar, então não tenho que reclamar. Se colocaram alguém, vou lutar. Vou encarar e focar no meu adversário. Mas eu quero lutar com o Rampage ele desde 2003, sabia que essa seria uma boa luta. O que faz a luta são estilos e sabia que seria empolgante porque nosso estilo é o de lutar em pé, que o público gosta. Foi um pouco frustrante não enfrentá-lo. Só não é mais frustrante porque vou lutar, vou trabalhar. Se trocassem a data, como para um mês, um mês e meio depois, seria ruim. Nos preparamos tanto para esse momento, fiz um camp até maior do que precisava. Camp normalmente é de seis semanas, fiz três meses. Vim para melhorar tecnicamente na ATT.

O que sabe sobre seu novo adversário, Steve Bossé?
Eu já assisti a uma luta dele. Quando falaram o nome, eu não lembrava, mas depois vi que assisti uma luta dele com o Houston Alexander. Ele é explosivo, forte, malhadão, perigoso, principalmente no começo da luta. Sabe agarrar bem, claro que não é um faixa-preta técnico, mas sabe se agarrar sim, não é bobo no chão, tem uma mão perigosa, é um lutador completo. Eu vou buscar a luta em pé. Posso dizer que melhorei muito meu boxe, treinei muito aqui, principalmente wrestling, mas melhorei muito meu boxe. Muito mesmo. Acho que talvez eu mostre uma forma significativa. Vou buscar a luta em pé, mas estou preparado para tudo, treinando muito jiu-jítsu e estou pronto para o chão também. Vou tentar terminar por nocaute. Acredito que talvez consiga ganhar por nocaute ou por pontos, mas vou tentar nocautear, usando meu boxe. Tudo pode acontecer, luta é luta.
Ele não luta há quase dois anos, desde maio de 2013, enquanto você tem atuado com regularidade. No mesmo período você lutou cinco vezes. Esse ritmo de luta pode ser uma vantagem para você?
Seria. No papel sou bem favorito, principalmente por ter mais experiência, e ele estar há dois anos parado. Isso conta, claro. Agora, MMA é um negócio complicado. Vemos campeões finalizados, strikers sendo nocauteados. Olha o Cigano, por exemplo. O cara talvez seja o maior striker do UFC. Se não for o melhor, é um dos cinco melhores, junto com o Aldo e mais alguém, e o cara (Cain Velásquez) nunca lutou boxe. De repente o Bossé voltou bem. Claro que ele não é muito bom de chão, deve ter nível de faixa-roxa, mas sabe wrestling. Apesar de não ser um craque, é um cara complicado. Não dá pra saber. De repente ele está voltando muito melhor. Posso esperar ele melhor tecnicamente, pode ter melhorado muito. Tem lutadores que nunca praticaram a arte, mas tem muita experiência na parte de trocação ou luta agarrada. Mas na teoria ele estaria em grande desvantagem por parar dois anos, com certeza. Disso não tenho dúvidas
Você vem de quatro vitórias consecutivas nos meio-pesados e está em 13º no ranking da divisão. Apesar do Bossé não estar ranqueado e ser estreante no Ultimate, onde você vê esse triunfo te colocando?
Tem que mudar alguma coisa. Lutar por lutar não pode. Não vou dizer que vou virar top 10, top 8, claro que não, mas tem que melhorar uma posiçãozinha. Eu quero enfrentar um top 10 em seguida. O Rampage tem muita visibilidade, vem de três vitórias, é ex-campeão, claro que queria ele. Mas não escolho adversário, escolho lutar. Eu vejo as lutas de 93kg, tem algumas lutas marcadas e, se alguém se machucar, eu estiver treinando, pego. Tem muito nome que eu gostaria, bastante wrestler, tem o (Anthony) Perosh, que disse que quer lutar comigo, seria uma luta boa também, já que ele tem um jiu-jítsu bom e troca bem, tem também o Ovince St. Preux, que seria luta boa também, tem todo o mundo ali. Todos os top 15 são muito competentes e até alguns que não estão no ranking são competentes.
O que os fãs podem esperar desse duelo?
Eu me garanto muito na mão. Estou me garantindo mais ainda. Sou um boxeador que pegou a manha do MMA, mas com certeza aprendi muita coisa aqui, fiz bastante treinamento, especialmente na parte agarrada. Aprendi muito com o treinador de boxe Mikey Rod, que me conhecia desde 2003, quando treinei aqui. Acho que foi bem proveitoso. Também aprendi muito com o King Mo, Steve Mocco, fora os professores Libório e Parrumpa, mas o Mocco e o King Mo ajudaram demais.
Essa mudança para os Estados Unidos foi em definitivo?
Eu volto para o Brasil depois da luta, mas estou vendo de vir de novo em junho, ainda sem a família, e, no final do ano, volte com a família para ficar. Estou morando no hotel, mas a ideia é comprar um apartamento aqui.

Como têm sido seus dias por aí?
São dois treinos por dia. Como falei para o Cara de Sapato, no primeiro mês treinei até demais. Fiquei exausto, passei do ponto de treino. Quando você chega aqui na ATT, aqui é um parque de diversões que você não consegue andar em todos os brinquedos. Tem tanta coisa para eu melhorar que se você fizer tudo, se estoura de tanto treino. Minha diversão aqui foi quase nenhuma. Saí três, quatro vezes com os amigos, parceiros de treino, normalmente com brasileiros. Estava com o (Marcos) Rogério Pezão aqui, (Roan) Jucão, peguei o camp dele para a luta com o Mark Muñoz, meus amigos Ricardo (Ribeiro) e (Alexandre) Turquinho estavam aqui, saíamos, treinávamos, ficávamos no hotel... No domingão, às vezes pegava uma praia, mas foi bem pacata minha vida aqui.
Do que mais sentiu falta nesse período na Flórida?
Senti falta só da família, mas tem muito brasileiro e latino, você consegue se virar aqui, fala-se pouco inglês. Preciso focar mais no inglês aqui, melhorou, mas não tenho coragem de dar entrevista ainda porque vai sair só erro atrás de erro. Vejo gente tirar sarro do Anderson Silva com o inglês dele que é 10 vezes melhor que o meu e você acha que vou arriscar com isso? Estou bem com o pé atrás, chegando devagar. É como me disse o Antônio Pezão uma vez. Perguntei: "E aí, Pezão, será que pego o inglês rápido aqui?". Ele disse: "Papagaio velho só aprende a xingar" (risos).
UFC 186
25 de abril, em Montreal (CAN)
CARD PRINCIPAL
Peso-mosca: Demetrious Johnson x Kyoji Horiguchi
Peso-médio: Michael Bisping x C.B. Dollaway
Peso-meio-pesado: Fábio Maldonado x Steve Bossé
Peso-leve: Shane Campbell x John Makdessi
Peso-galo: Thomas Almeida x Yves Jabouin
CARD PRELIMINAR
Peso-meio-médio: Patrick Cote x Joe Riggs
Peso-galo: Alexis Davis x Sarah Kaufman
Peso-leve: Bryan Barbarena x Chad Laprise
Peso-leve: Olivier Aubin-Mercier x David Michaud
Peso-meio-médio: Chris Clements x Nordine Taleb
Peso-galo: Valerie Letourneau x Jessica Rakoczy
Peso-palha: Randa Markos x Aisling Daly