Num ano, o título, a glória, a volta olímpica, o topo. No ano seguinte, a queda, o sofrimento, o vexame. Há clubes cuja história registra título e rebaixamento num curto espaço de tempo. Um ano apenas entre o melhor e o pior que possa acontecer. Grandes clubes já passaram pelo fantasma que atormenta hoje o campeão brasileiro de 2012, o Fluminense, que neste sábado empatou por 2 a 2 com o Atlético-MG (assista aos gols no vídeo). No próximo domingo, a tentativa de se livrar do descenso num duelo com o Bahia em Salvador, na Fonte Nova, será também para não entrar num seleto rol de grandes equipes a experimentar a doce e depois amarga sensação.
Segundo levantamento da RSSSF, organização responsável por pesquisa de dados estatísticos do futebol, o Manchester City, um dos maiores clubes da Inglaterra, passou por essa situação no século passado. Mais especificamente após o título conquistado em 1936-1937. Na temporada seguinte, caiu para a Série B com números bem curiosos. O saldo de gols, normalmente ruim aos clubes que brigam na parte de baixo da tabela, era positivo (3). Ainda por cima, o time tinha o ataque mais positivo da competição. Com 80 gols, era superior até ao do campeão da temporada, o Arsenal.
Outro clube que, apesar da força, carrega essa marca no currículo é o Milan, da Itália. Só que o caso foi diferente. Campeão italiano em 1979, caiu no ano seguinte não pelo critério técnico, mas sim por fator extracampo. Envolvido no escândalo de apostas, acabou punido. O Juventus, campeão em 2004-2005 e 2005-2006, teve os dois títulos cassados e foi parar logo na Série B. Na França, houve exemplo parecido: o Olympique de Marselha caiu para a Segunda Divisão no fim da temporada 1993-1994 após um caso de suborno. Perdeu o título de 1992-1993, mas manteve o de 1991-1992.

No Brasil, o Corinthians contou com a sorte para não ter o seu nome nesta lista. Campeão brasileiro em 1999, terminou na penúltima posição em 2000, mas não havia rebaixamento nesse ano.
Abaixo, veja casos parecidos com o do Manchester City. Tanto na Alemanha, com o Nuremberg, segundo maior papão de títulos no país, quanto na América do Sul, com LDU, do Equador, e Universidad Católica, do Chile. Há, inclusive, a maldição dos países nórdicos.
EQUADOR
Antes de ganhar Libertadores, Copa Sul-Americana e Recopa, a LDU de Quito, grande algoz do Fluminense em finais continentais em 2008 e 2009, iniciou o século na segunda divisão. Bicampeã equatoriana em 1998 e 1999, caiu na última rodada em 2000. Voltou à elite na primeira chance e conquistou mais quatro campeonatos nacionais.

ALEMANHA
Segundo maior campeão alemão, com nove títulos, o Nuremberg foi campeão em 1967-1968. Na temporada 1968-1969, foi rebaixado em 17º lugar.
CHILE
Figurinha carimbada nos últimos anos na Libertadores, a Universidad Católica, campeã chilena em 1954, fez péssima campanha em 1955 e amargou o rebaixamento.
DINAMARCA
O KB foi o primeiro campeão dinamarquês a ser rebaixado. Isso aconteceu em 1951. O time tinha conquistado no ano anterior o tricampeonato nacional (1948-49-50). Depois da queda, reagiu e conseguiu voltar à Série A em 1952. No ano seguinte, recuperou o título. Hvidovre, em 1971, e Herfolge, em 2001, também caíram um ano depois da conquista.
SUÉCIA
Bicampeão nacional em 1933 e 1934, o Helsingborg acabou rebaixado na temporada seguinte, em 1935. Nesse caso, o clube demorou dois anos amargando a Série B até voltar à Primeira Divisão. GAIS (1955), Djurgarden (1960) e IFK Gotemburgo (1970), maior campeão sueco, foram os outros campeões rebaixados.
FINLÂNDIA
Nesse país houve situação curiosa: por dois anos seguidos o campeão foi rebaixado. Em 1995, a proeza coube ao TPV, que conquistara o título em 1994. Depois o caso se repetiu com o FC Haka, da cidade industrial de Valkeakoski. Faturou o campeonato em 1995 e não escapou da queda em 1996. Mas o time se recuperou bem: subiu em 1997 e foi tricampeão entre 1998 e 2000. Antes de TPV e Haka, o Ilves-Kissat já tinha sido rebaixado após ter sido campeão em 1951.
NORUEGA
Na maldição nórdica, o país foi um dos mais agraciados: Freidig (1949), Fram (1951) e Lyn (1969) emendaram rebaixamento após terem sido campeões. Mas houve um caso inusitado: o Brann, rebaixado em 1960, voltou em 1961, foi bicampeão em 1962 e 1963 e voltou a ser rebaixado em 1964.
Jornal Folha do Rio.