Ferrari é única equipe que ainda investe no carro deste ano

20/10/2016 16:20

Oficialmente o GP dos Estados Unidos, 18º do calendário, começa nesta quinta-feira, com a inspeção técnica dos carros das 11 equipes que disputam o Mundial. No fim da tarde de quarta, o GloboEsporte.com estava no Circuito das Américas, em Austin, onde na sexta, às 13 horas, horário de Brasília, 10 horas no Texas, os 22 pilotos inscritos vão à pista para o primeiro treino livre. O forte calor e as modificações aerodinâmicas no modelo SF16-H da Ferrari, de Kimi Raikkonen e Sebastian Vettel, chamaram a atenção de quem foi ao autódromo norte americano.

Equipamentos da Ferrari no Circuito das Américas, palco do GP dos EUA (Foto: Divulgação)Equipamentos da Ferrari no Circuito das Américas, palco do GP dos EUA (Foto: Divulgação)



Enquanto a Mercedes, tricampeã entre os construtores, título definido na última etapa, no Japão, praticamente não introduziu mais nenhum novo componente no seu eficiente modelo W07 Hybrid desde o GP da Bélgica, dia 28 de agosto, a Ferrari segue caminho inverso: ainda está interessada na disputa em curso. Ao que parece, a importância de ganhar uma corrida este ano tem enorme peso para seu presidente, Sergio Marchionne, e o diretor geral, Maurizio Arrivabene.

É o que dá para deduzir de, a exemplo das provas na Malásia e no Japão, duas últimas, a Ferrari demonstrar em Austin que continua investindo no desenvolvimento do modelo SF16-H. Há novos e sofisticados elementos no conjunto aerodinâmico do monoposto italiano, facilmente observáveis no Circuito das Américas.

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Maurizio Arrivabene, chefe da Ferrari, e Toto Wolff, chefe da Mercedes, no GP da Áustria (Foto: Getty Images)Maurizio Arrivabene, chefe da Ferrari, e Toto Wolff, chefe da Mercedes, no GP da Áustria (Foto: Getty Images)



Não é só o time coordenado por Paddy Lowe, na Mercedes, que há bom tempo se concentra no imenso desafio de engenharia representado pelo complexo regulamento de 2017, a vice-líder entre os construtores, RBR, com 50 pontos de vantagem para a Ferrari, 385 a 335, também já não dispersa sua energia na melhora do RB12-TAG Heuer (Renault) de Daniel Ricciardo e Max Verstappen. Seu consultor técnico, Adrian Newey, mantém o grupo concentrado nos estudos do carro de 2017.

Chassi e pneus serão mais largos e as unidades motrizes responderão com maior potência. As primeiras simulações sugerem que a F1 começa a próxima temporada, dia 26 de março em Melbourne, Austrália, com carros cerca de cinco segundos mais velozes.

A Ferrari já não tem uma equipe de engenheiros experientes na F1 e pulverizando seus esforços entre o campeonato deste ano, já perdido matematicamente, e os estudos do modelo de 2017, as chances de produzir um monoposto vencedor no ano que vem diminuem sensivelmente.

Ninguém entende essa dispersão de foco da Ferrari. O aerofólio dianteiro e defletores novos levados pelos italianos para Austin exigiram horas de experimentos no túnel de vento. Isso obrigou o grupo do agora promovido David Sanchez, engenheiro francês, ex-McLaren, chefe de aerodinâmica, a experimentar esses novos componentes em vez de estar pensando em avançar no projeto de 2017.

Circuito das Américas, palco do GP dos EUA (Foto: Divulgação)Circuito das Américas, palco do GP dos EUA (Foto: Divulgação)



Muito importante: o regulamento da F1 limita o tempo dos estudos aerodinâmicos. As equipes podem escolher entre apenas trabalhar no túnel de vento, e nesse caso seriam 40 horas por semana, ou mesclar essas experiências com as simulações virtuais, através do CFD, de Computational Fluid Dynamics. Nesse caso o número de horas é reduzido. Quanto maior o número de horas no CFD menor o disponível para o túnel de vento. E vice-versa.

Ao manter a filosofia de desenvolver o carro atual, a Ferrari está roubando horas também do time de técnicos que se concentra nas experiências no túnel de vento e no CFD do carro de 2017. O fato de haver dois projetos não muda a regra dos limites de utilização do túnel de vento e do CFD. Todas as escuderias utilizam o tempo disponível para trabalhos no túnel de vento e com CFD para entender melhor o que fazer para construir um carro veloz, equilibrado e confiável para 2017, não 2016.

Kimi Raikkonen, Sebastian Vettel e Maurizio Arrivabene no paddock de Silverstone (Foto: Getty Images)Kimi Raikkonen e Sebastian Vettel, dupla da Ferrari, em Silverstone (Foto: Getty Images)


Lógica própria

Se Marchionne e Arrivabene ordenaram que seus engenheiros sigam melhorando o SF16-H para tentar não passar a temporada sem vitórias, como tudo indica, é mais uma demonstração da falta de vivência de ambos no universo da F1, manifestada na definição de uma escala de prioridades sem sentido. O que acrescentaria uma eventual vitória de Raikkonen ou Vettel nos GPs que faltam, Estados Unidos, México, Brasil e Abu Dhabi?

Se esses esforços do grupo de David Sanchez pudessem ser úteis também para o projeto de 2017 talvez se justificassem. Mas não é o caso. O conhecimento adquirido não se aplica aos modelos do ano que vem, profundamente distintos.

Sergio Marchionne, presidente da Fiat, no GP da China (Foto: Getty Images)Sergio Marchionne, presidente da Fiat, no GP da China (Foto: Getty Images)



A temperatura no Circuito das Américas, no fim da tarde desta quarta-feira, era de 32 graus. E a maioria dos pilotos escolheu os pneus supermacios para o fim de semana. A Pirelli distribuiu no GP dos Estados Unidos os pneus supermacios, macios e médios.Os pneus supermacios tendem a ter reduzida vida útil quando sob calor intenso, como provavelmente será em Austin.

A previsão meteorológica oficial da F1 prevê chuva para esta quinta-feira e tempo nublado, mas sem chuva, para amanhã e depois, com a temperatura atingindo 28 graus. Domingo os termômetros voltarão a marcar 30 graus e não há, até agora, previsão de chuva.

A luta pelo título entra na reta final no GP dos Estados Unidos. Faltando quatro etapas no calendário, Nico Rosberg, da Mercedes, lidera o Mundial com 318 pontos diante de 280 de Lewis Hamilton. São 33 pontos de vantagem. Em terceiro está o australiano Daniel Ricciardo, com 212, seguido por Raikkonen, 170, e Max Verstappen, da RBR, e Vettel, ambos com 165.

Hamilton sabe que não há mais espaço para erros como o de Suzuka, em que, de novo, não largou bem. O bom humor do piloto inglês vai estar à prova já nesta quinta-feira, pois a FIA o convocou novamente para a coletiva. No GP do Japão, por fazer brincadeiras com o Snapchat, no celular, durante a entrevista, foi duramente criticado pela imprensa, em especial a inglesa. Em represália, Hamilton não compareceu à entrevista organizada pela Mercedes.

Hoje será a primeira vez que Hamilton encara os jornalistas depois do desgaste no GP do Japão.

INFO Horários Circuito Formula 1 Estados Unidos (Foto: Editoria de arte)