Estacionamentos de BarraShopping e CasaShopping extinguem período de tolerância.
05/03/2015 15:25RIO - “Não é pelos R$ 3, mas porque é injusto.” A queixa é do motorista Bruno Lopes, de 35 anos, explicando a revolta contra o BarraShopping e o CasaShopping, que eliminaram o prazo de tolerância em seus estacionamentos no período noturno. Ao entrar nas garagens, os motoristas já são cobrados, mesmo que desejem apenas deixar ou pegar alguém.
— É um absurdo. Imagine quem precisa deixar um cadeirante, uma pessoa com dificuldades de locomoção ou uma criança. A pessoa não está usando o serviço de guarda do veículo, pelo qual o estacionamento cobra. Portanto, é cobrança abusiva — avalia a secretária municipal de Defesa do Consumidor, Solange Amaral.
Além disso, afirma a secretária, a falta de sinalização informando sobre o fim da tolerância também desrespeita os direitos do consumidor. A cobrança é uma estratégia para evitar o uso das áreas como atalho por quem trafega na Zona Oeste, onde as rotas estão sobrecarregadas pelas obras para as Olimpíadas.
— Havia uma praxe e a mudança não foi devidamente comunicada. A sinalização não está clara. Já constatamos e agora vamos notificar - afirma Solange.
O Procon estadual concorda com o órgão municipal. Em nota, afirmou: “Toda a população vem pagando um preço pela modernização da cidade devido aos preparativos para as Olimpíadas. Por algum motivo, estes shoppings acreditam que não devem arcar com sua parcela de responsabilidade e resolveram desrespeitar seus consumidores obrigando-os a pagar pelo estacionamento, mesmo quando simplesmente querem deixar um parente idoso ou deficiente no shopping, ou simplesmente não encontram vaga.” A orientação do órgão é para que os consumidores para que insistam na gratuidade pressionando os donos destes shoppings, ou que deixem de frequentar os estabelecimentos.
Foi o que fez o militar Marcelo da Silva Matias, de 36 anos, que usou o estacionamento do CasaShopping para cortar o trânsito — ficou menos de três minutos na área e foi surpreendido pela cobrança de R$ 3.
— O valor era baixo, mas fiquei indignado. Reclamei e fiquei esperando até levantarem a cancela, por autorização do gerente, que parece ter feito questão de ir vagarosamente até onde eu estava — conta Matias, que escreveu para a “Defesa do Consumidor” do GLOBO para se queixar. — Não havia placa na entrada informando sobre a cobrança, apenas uma placa na saída com os valores.
Por sua vez, Claudia Almeida, advogada do Instituto de Defesa do Consumidor (Idec), o prazo de tolerância é uma liberalidade. O problema é a falta de informação:
— Deixar de informar induz ao erro. Além disso, se não tem vaga disponível, a cobrança é abusiva. Por isso, é recomendável manter um período de tolerância.
RESPOSTA DO SHOPPING
A administração do BarraShopping esclarece que a suspensão do período de carência do estacionamento nos dias úteis, entre 17h e 20h, foi implementada recentemente “com um único objetivo: garantir o conforto e a segurança de seus clientes”. Em nota, o estabelecimento lembra que a área vinha sendo usado por motoristas parar cortar caminho nos horários de maior trânsito no entorno do empreendimento, “o que acabava criando um fluxo intenso no local e provocava insatisfação de um número grande de frequentadores”. O shopping afirma ainda que, “em casos específicos - como idosos, pessoas com deficiência e taxistas”, faz a liberação do pagamento e diz que a medida está dentro das leis vigentes.
Procurado pela reportagem, o Casa Shopping não quis se manifestar.