Entre entusiasmo e dúvidas, Cristóvão perde sono com fico (ou não) de astros.

20/01/2015 10:42

Cristóvão Borges Fluminense (Foto: Bruno Haddad / Fluminense)Cristóvão reconhece que atletas com salários pagos pela Unimed podem deixar as Laranjeiras.

Cristóvão Borges não perde a serenidade, mas reconhece que começou 2015 mais empolgado. Feliz pela renovação de contrato com o Fluminense por mais um ano, o treinador tem tempo e enxerga a oportunidade de realizar um trabalho de sucesso nas Laranjeiras. Em 2014, apesar de ter brigado por uma vaga na Libertadores até as últimas rodadas do Brasileirão, o Tricolor oscilou muito e sofreu eliminações duras na Copa do Brasil e na Sul-Americana. Cristóvão contou com o respaldo da diretoria e ficou. A decisão chegou a surpreendê-lo.   

- É uma raridade, é verdade. É uma coisa para comemorar. Se formos ver os últimos exemplos dos vitoriosos no Brasil, poucos seguem. Isso é ruim - diz ao GloboEsporte.com.   

O técnico lembra que na chegada, em abril do ano passado, encontrou um ambiente conturbado e complexo. Hoje, vê o clima melhor, mas não de calmaria total. Perto de perder Darío Conca, que tem proposta e quer ir para o futebol chinês, Cristóvão reconhece a indefinição sobre o futuro de seus principais jogadores:   


Depois de nove dias de pré-temporada em Orlando, nos Estados Unidos, o Fluminense volta ao Brasil para mais duas semanas de treinos antes da estreia no Carioca, dia 1º de fevereiro, contra o Friburguense. Na bagagem, duas derrotas no Torneio da Flórida, para Bayer Leverkusen e Colônia, da Alemanha, e algumas interrogações.   - Eu penso desde que acabou a temporada e que saí de férias. Penso, continuo pesando. As coisas não ficaram claras, definidas.   

- Estamos preparados para dar outro tipo de resposta - afirma Cristóvão.   

Confira a entrevista:   

Jornal - Você assumiu o Fluminense em 2014 em abril, já com um grupo montado. E agora tem a chance de fazer as mudanças que quer. Sente que a cobrança será maior?

Cristóvão Borges - Pressão sempre existe, vivemos assim, sob pressão. Ela só é diferente. Quando cheguei, existiam pressões e o ambiente era muito conturbado em todos os setores. Existiam diferenças. Era muito assim. E uma cobrança sobre a equipe, que a performance não era condizente com a qualidade que tinha, isso era verdadeiro. Por etapa, superamos. Boa parte dessas coisas conseguimos superar. Outras, não. A demanda era grande, a necessidade, e a cobrança não diminui. Ela continua a mesma. Agora, no torneio, a diferença absurda de jogo, mas entrou, é o Fluminense. Vão cobrar do mesmo jeito. Estamos acostumados com isso, temos a consciência do que estamos fazendo. A cobrança vai ser do mesmo jeito sobre o time, mesma ambição, com base no investimento que foi feito antigamente. Estamos preparados para dar outro tipo de resposta. Contratamos jogadores que querem oportunidade e vão ter. Pode ser por aí, junto com os garotos, mais a base, vemos que é uma receita que pode dar certo.  Estamos acreditando e estou muito otimista.   

Cristóvão Borges, treino Fluminense, Deltona (Foto: Bruno Haddad / Fluminense FC)Cristóvão diz que cobrança no Flu será a mesma apesar da saída da Unimed.

 

Ficou surpreso por não ter sido demitido com aquela eliminação na Copa do Brasil para o América-RN? Pergunto porque já vimos outros técnicos caindo por muito menos.   

Eu acho e é uma raridade, é verdade. É uma coisa para comemorar. Se formos ver os últimos exemplos dos vitoriosos no Brasil, a gente vê os exemplos, mas poucos seguem. Isso é ruim. Quem segue se dá bem. Quanto mais gente seguir, vamos consolidar e vai virar verdade para todos. Isso aconteceu (a eliminação), mas na sequência, depois de um ambiente que chegamos, colocamos o time no trilho. Aquilo foi acidente de percurso. Reconheceu-se isso. Isso foi bacana. Foi ruim, desagradável, mas aquilo não tirou a certeza, a consciência do que estava se fazendo, que era um trabalho bem feito. Nós comemoramos o que poderia dar certo lá na frente. Fiquei feliz com minha renovação, sei que podemos crescer por isso. É o caminho. Tomara que a gente vá consolidando isso.   

Quando deita e coloca a cabeça no travesseiro... consegue não pensar que seus principais jogadores podem sair?   

Eu penso desde que acabou a temporada e que saí de férias. Penso, continuo pensando. As coisas não ficaram claras, definidas. Está todo mundo negociando isso. Quero um time forte, todo mundo quer. Tenho grandes jogadores e quero que continuem. Estamos na dependência desses acertos. Vou trabalhando, com otimismo. Isso empurra e ajuda. Espero que a gente consiga continuar com todos que estão aqui.   

(Nota: um dia depois da entrevista, o Fluminense confirmou que Conca recebeu uma proposta do futebol chinês e pediu para sair.)   

Nos treinos nos Estados Unidos você pareceu mais empolgado com o trabalho. Voltou diferente das férias?

Sim, tudo isso faz parte do meu entusiasmo. Fiquei contente com a renovação. É um desafio esse trabalho. Tudo me estimula. Estou assim mesmo. Meu comportamento é porque também já peguei um grupo e rapidamente defini o time. Não eram tantas coisas para corrigir. Eram momentos de jogos. Aqui é começo de temporada, muitos jogadores novos. Eles têm de entender mais rápido, exigir e cobrar mais. Por isso que estou assim, junto com meu entusiasmo e minha alegria de estar aqui.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Jornal Folha do Rio.