Em reunião do Conselho Deliberativo, Bota aceita leilão de imóvel no Centro.

24/02/2016 10:50
Edifício Santos Dumont, Botafogo (Foto: Divulgação / edificiosantosdumont.com.br)Botafogo possui cerca de 650m quadrados no prédio (Foto: Divulgação / edificiosantosdumont.com.br)

Enquanto o futebol do Botafogo está em Vitória e com todas as suas atenções voltadas para o clássico contra o Fluminense nesta quarta-feira, a política do clube segue a todo vapor no Rio de Janeiro. Na noite desta terça, em reunião do Conselho Deliberativo que terminou com ânimos exaltados, uma importante decisão que envolve bens patrimoniais e dívidas foi tomada: por 62 votos a 28, o Alvinegro resolveu que irá aceitar o leilão dos 650m² do 33º andar do Edifício Santos Dumont, localizado na Rua Santa Luzia, no Centro a fim de usar a verba a que tiver direito para abater parte de outras dívidas. Após a diretoria deixar de honrar um acordo de 2011 de renegociação de débitos com o condomínio, a Justiça marcou para a próxima terça-feira o leilão dos apartamentos.

Para evitar o processo e reaver a propriedade, o Botafogo, que vive uma grave crise financeira a ponto de quase ser impossibilitado de disputar o Campeonato Carioca, precisaria levantar recursos e entrar em um novo acordo para continuar quitando a dívida, que chegou a cerca de R$ 5 milhões e restaria pagar aproximadamente R$ 865 mil. A renegociação na época foi feita por Antonio Carlos Mantuano, ex-vice-presidente geral do clube. Mas a atual diretoria não vê vantagem em retomar o imóvel pelo fato de gerar pouca receita com aluguéis e porque ele está penhorado pela Receita Federal pelos próximos 20 anos, impossibilitando a venda nesse período. Um dos maiores defensores do leilão no caso, o presidente Carlos Eduardo Pereira justificou a quebra do acordo para usar a verba para sanar os atrasados fiscais e obter as Certidões Negativas de Débito (CNDs).

Foram colocados três propostas para a votação: 1) permitir que o imóvel vá a leilão; 2) obter dinheiro e pagar a dívida do imóvel; 30 abstenção - um dos maiores opositores ao leilão, Antônio Carlos Mantuano optou pela abstenção, apesar de criticar duramente a diretoria sobre o tema durante o encontro. O resultado foi de 62 votos para a primeira alternativa contra 28 da terceira. Mas a reunião teve ânimos exaltados, e um conselheiro chegou a deixar a sala. Beneméritos contrários à ideia podem ainda tentar uma manobra, já levantada durante o encontro, para anular a decisão: pelo estatuto do clube, a alienação de bens demanda quórum qualificado de dois terços do Conselho Deliberativo, o que não foi o caso na terça. Porém, o vice-presidente jurídico, Domingos Fleury, alegou que deixar o imóvel ir a leilão ou pagar a dívida não configura alienação.