Dorival vê reação desordenada, time estafado, mas com 'brilho no olhar'.

21/10/2013 10:33
 

Depois de mais de uma hora de reunião no vestiário, o técnico Dorival Júnior chegou com semblante tenso na sala de coletiva de imprensa. A demora bem maior que o normal permitiu rumores de que poderia haver alguma mudança no comando técnico a oito jogos do fim do Brasileiro. Mas o treinador deixou claro desde a primeira resposta que segue no comando do time. Para Dorival, o primeiro tempo vascaíno foi horrível, mas o empate no segundo tempo, diante das adversidades e do revés emocional do time, se tornou "um esboço de reação para um futuro próximo".

Apesar da longa reunião, a comissão técnica ainda deve decidir até terça-feira qual time enfrenta o Goiás, na quinta-feira, no Maracanã, pela Copa do Brasil. O planejamento será definido ao longo da semana. O técnico não falou abertamente se o clube vai deixar a Copa do Brasil de lado e vai priorizar de vez o Brasileiro, o que vai depender ainda da recuperação física dos jogadores.

Confira na íntegra a coletiva de imprensa do técnico Dorival Júnior.

Mudança de postura no segundo tempo

- Não foi só a entrada de Juninho, mas foi fundamental a mudança de postura do time. Hoje, depois de algum tempo, mostramos reação, vibraçao, tivemos brilho no olhar para sair de uma situação negativa depois de um primeiro tempo horrível. Mesmo que de maneira desordenada, o time reagiu jogando com coração, se entregando em busca do resultado. Vejo uma reação que queríamos  que acontecesse lá atrás e, talvez, tenha aparecido agora. Quem sabe é o início da recuperação nessa reta final.

Reunião e planejamento Copa do Brasil

dorival junior botafogo x vasco (Foto: André Durão)Dorival orienta a equipe durante o clássico
contra o Botafogo.

- Fizemos sim uma reunião lá dentro (do vestiário) e pontuamos algumas coisas de início para tentar recuperação real e consistente da equipe. Primeiro temos que ver a situação dos jogadores, porque boa parte do elenco está comprometido. Muitos fora de combate e a nossa recuperação de uma partida para a outra vai ser dificultada ainda mais pela falta de alguns atletas. Logicamente que tem aparecido outros garotos, mas temos que ter cuidado. Conversamos com a diretoria e vamos ter uma posição (sobre o planejamento) até amanhã (segunda-feira) ou depois de amanhã (terça-feira). Ainda vamos ver quem vai jogar. Saímos com vários jogadores estafados, o Nei saiu carregado de campo. Temos que ver quem vai ter condição de jogar na quinta. Ainda sobre a reunião, não tivemos uma conversa sobre aspectos técnicos, mas sim posturais, em termos de como a equipe enfrentou o segundo tempo ressurgindo sabe-se lá como naquele momento da partida.

Entrada do Juninho

- O Juninho e o Thalles modificaram o padrão da equipe, que depois de tomar dois gols conseguiu ser valente e vibrante. Acho que o Vasco ressurgiu em momento importante. A entrada do Juninho era uma coisa que prevíamos para outra situação da partida, para um diferencial no resultado, mas tivemos logo a necessidade em razão do resultado da primeira etapa. E Juninho mostrou como é importante e como pode ser importante entrando nos últimos 45 minutos, não só em 90. Ele teve papel fundamental na recuperação da equipe, o que mostra que às vezes ele não precisa jogar o tempo todo para modificar uma partida, para colocar uma bola de efeito, colocar um atleta em condições de gol, sem que mensurássemos virar um placar de 2 a 0.

Emocional da equipe

- Em razão dos últimos resultados, da posição da equipe, de todo o contexto, ainda depois de levar dois gols no início do jogo, ficamos vulnerável emocionalmente. Por mais que tentemos cercar a equipe, esse lado emocional é muito forte. O início causou um desequilíbrio, mas a equipe conseguiu se recompor ainda no primeiro tempo, apesar de não ter posse de bola e sem conseguir penetrações. Depois, com as alterações e com mudança de postura mudamos a partida, com a entrega que aconteceu. Claro que lastimamos hoje por mais uma oportunidade perdida, mas esse ponto pode fazer a diferença.

Críticas do Juninho à parte física da equipe

- Essa questão aconteceu porque o resultado nos fez correr muito mais. Todas equipes têm dificuldade, mas a condição de sofrer dois gols em sete minutos torna natural que as nossas forças diminuam com a obrigação de atrás do resultado, o que tornou tudo muito mais desgastante. Corremos atrás do Botafogo no primeiro tempo, corremos aleatoriamento. Mesmo no segundo tempo não estávamos encaixados, foi muito mais coração, foi desordenadamente, mas com muita vibração e muita entrega, o que compromete o lado físico de quem não vem bem. E reconhecemos que o resultado só foi alcançado por essa entrega.

Adversidades e inexperiência do time

- Somem o número de jogos que tem Diogo Silva, Jomar, Marlone, Willie, Jhon Cleu, Abuda, outros tantos jovens da equipe, somem a quantidade de jogos deles em Brasileiros, do Montoya, que tem 21 anos e está buscando adaptação em meio a uma competição dura. Tudo isso tem um peso muito grande. Já temos vários fora de combate, como caso do Guiñazu e do Tenorio, a perda em momento inoportuno do Eder Luis... O Vasco hoje tem a terceira formação de time no ano. Começou o Carioca com 10, 12 novidades, depois remontou a equipe e agora, em meio ao Brasileiro, é uma terceira equipe com esses garotos. Isso é para verem quanto estamos tendo dificuldades. Não tiro minha responsbilidade, nunca, quando vim tinha consciência, mas realmente aconteceram muitas coisas dentro do Brasilerio que desarticularam muito nossa equipe. Mesmo assim ainda dependemos muito de nossas condições. Por isso quero agradecer ao torcedor, que hoje não vaiou, só aplaudiu e jogou a equipe para cima. Esse resultado só foi possível graças a eles.

Falha do goleiro

- Falar em cima de individualides é difícil, jamais vou culpar um jogador por uma ou outra falha. E o início do erro onde foi? Será que só na finalização que houve erro? Erramos ali na frente, em troca de passe e claro que vai estourar no zaqueiro ou no goleiro. Naturalmente que tenho minhas avaliações, mas jamais vou expor qualquer profissional que seja. O erro é do treinador. A situação do Vasco hoje passa muito pela minha responsabilidade e também pelos muitos problemas que enfrentamos.

 

 

Jornal Folha do Rio.