Brasília - A chegada do tesoureiro do PT João Vaccari Neto como réu da Operação Lava Jato, da Polícia Federal, para depor na CPI da Petrobras, nesta quinta-feira, começou com uma grande confusão. Assim que Vaccari entrou no plenário um homem abriu uma caixa e soltou alguns ratos na sala. Houve correria e um princípio de tumulto. Foi chamada a Polícia Legislativa que prendeu o responsável pelo incidente.

O homem não foi identificado, mas sua ação desencadeou uma pequena troca de acusações entre os deputados presentes. Alguns chegaram a acusar o deputado Delegado Waldir Soares (PSDB-GO) de supostamente ter alguma participação ou vínculo com o manifestante. Indignado, o tucano negou participação e ameaçou processar seus acusadores.
Além disso, um deputado governista acusou a oposição de tentar transformar a CPI "em um circo".
"Nada nos impedirá de dar prosseguimento à CPI. [...] Nós iremos prosseguir com o depoimento do senhor João Vaccari", afirmou o presidente do colegiado, deputado Hugo Motta, após o aparecimento dos ratos.

Após a confusão, policiais legislativos começaram a barrar a entrada de pessoas não credenciadas no local e a sessão voltou a normalidade.
O réu Vaccari Neto sob a acusação de corrupção, lavagem de dinheiro e formação de quadrilha, depõe nesta quinta na Câmara dos Deputados na CPI da Petrobras e promete responder a todas as perguntas. Vaccari é apontado como o responsável do PT por arrecadar propinas de empresas contratadas pela Petrobras.
O tesoureiro iniciou sua participação na CPI com uma minipalestra sobre arrecadação feita por partidos junto a empresas ligadas a Operação Lava Jato. Vaccari nega as acusações e diz que todas as doações foram feitas de acordo com a legislação do Tribunal Superior Eleitoral.
O réu falará sob a proteção de um habeas corpus e, além de poder contar com seu advogado de defesa, Luiz Flávio Borges D’Urso, sentado à mesa ao seu lado, o direito de não se comprometer a dizer a verdade ou mesmo se calar. O habeas corpus foi concedido na noite de ontem pelo ministro Teori Zavascki, do Supremo Tribunal Federal.

CPI da Petrobras
A CPI já ouviu o ex-gerente geral da refinaria Abreu e Lima, Glauco Legatti, os ex-presidentes Graça Foster e José Sérgio Gabrielli, o ex-diretor de Serviços da estatal Renato Duque e o ex-gerente-executivo da Diretoria de Serviços da estatal Pedro Barusco. Voluntariamente, o presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), também prestou esclarecimentos sobre as acusações de suposto envolvimento dele no esquema.
O empresário Augusto Mendonça Neto, da empresa Toyo Setal, será ouvido no dia 14 de abril. Em delação premiada, ele disse ter pago propina ao ex-diretor de Serviços da Petrobras Renato Duque, dinheiro que seria destinado ao PT. Segundo ele, o partido teria recebido ó de desvios das obras da Refinaria do Paraná (Repar), entre 2008 e 2011, R$ 4 milhões.
No cronograma também está previsto o depoimento do presidente do BNDES, Luciano Coutinho no dia 16. O banco financiou a criação da empresa Setebrasil, empresa acusada de subcontratar estaleiros que teriam efetuado o pagamento de propinas.
Com informações do iG