
A evolução técnica de Joanna Jedrzejczyk desde que se tornou campeã peso-palha do UFC é notória. Claudinha Gadelha, porém, não se impressiona com a suposta melhora da polonesa dentro do octógono. A brasileira, que enfrenta a rival no dia 8 de julho, no TUF 23 Finale, em Las Vegas, não enxerga a adversária como uma lutadora completa.
Em entrevista à imprensa, na quarta-feira, Gadelha afirmou que a oponente é limitada, contudo, sua performance tem melhorado por estar se sentindo mais à vontade no cage, o que se reflete nas vitórias contundentes acumuladas nos últimos embates.
- A Joanna é uma lutadora de muay thai que defende bem as quedas. Você nunca verá a Joanna fazendo MMA, derrubando, jogando por baixo, fazendo o jogo completo do MMA. Ela é limitada, excelente na trocação, defende bem as quedas, mas é só isso que ela sabe fazer. Dessa forma, ela dá oportunidades para os adversários encontrarem buracos no jogo dela. É o que vamos fazer. Ela se soltou mais, nas primeira lutas no UFC não chutava tanto, usava mais o boxe. Agora está fazendo o que ela sempre fez, que é usar o muay thai.
Embora não considere a campeã eficiente em todos os fundamentos, Gadelha acredita que ambas estão à frente das demais integrantes da divisão.
- Tem a Joanna e eu. Fica bem claro que o nível muda um pouco depois. Estamos em um processo de evolução no esporte, o MMA feminino ainda mais. As meninas estão treinando duro, mais especificamente para chegar ao topo. O nível da categoria irá melhorar nesse ano.
Confira outros tópicos da entrevista:
Raiva da adversária
Eu não tenho raiva da Joanna. Eu me incomodo com o jeito desrespeitoso dela, com o que ela fez dentro da casa comigo e com meus treinadores. Prezo pelo respeito, fui criada na filosofia das artes marciais. Ela é totalmente o contrário. Isso me incomoda bastante. Tenho bons exemplos dentro de casa de lutadores que entram na cabeça do oponente e comigo não vai acontecer. Não tenho raiva dela. Mostrei na casa que nada daquilo vai para dentro do octógono.
Trilogia
Talvez a gente lute pela terceira vez. A primeira luta entre a gente foi controversa. Para mim, eu venci, ela fala que venceu. Vejo várias vezes, pontuo round por round e não consigo ver a minha derrota. Agora, se eu vencer, acredito que lutaremos de novo.
Trabalho psicológico
Vou ao psicólogo, faço trabalho de coaching. Todo atleta precisa disso. Do mesmo modo que trabalhamos a parte física temos que trabalhar a parte mental. É importante. Não é porque vou enfrentá-la que farei um trabalho diferente. Sei que ela gosta de provocar, de insultar e desrespeitar, mas faço de conta que ela não é ninguém, que não me incomoda de jeito algum. Venho fazendo esse trabalho de três lutas para cá.

Trocação
Eu estou muito confiante na trocação. Estou treinando muito a parte em pé. Tenho um plano a seguir e vou levá-lo debaixo do braço. A Joanna jamais se deitaria no chão e falaria: "Vem lutar jiu-jítsu comigo". A gente não pode entrar em uma guerra de estilos. Vou fazer meu jogo, que é a luta agarrada, sou curtinha, menor do que ela. Ela precisa da longa distância para trabalhar o que ela faz a vida inteira: o muay thai. Quem fizer melhor esse jogo vai se dar bem. Estou em plenas condições de trocar com qualquer menina da categoria. Se a minha mão pegar no rosto da Joanna, ela vai cair.
Motivação para o Aldo
Não só para ele, como para a Nova União toda. Estamos passando por uma fase ruim. Precisamos vencer de novo. Estamos com esse dever nas mãos de trazer as vitórias para a Nova União de novo.
Cinturão e a visibilidade do MMA feminino
Fico muito feliz de ter essa oportunidade. Sou a segunda lutadora brasileira a disputar o cinturão do UFC, atrás da Bethe. Vou ficar muito feliz de ser a primeira a trazer o título ao Brasil. Sou da época que encontrava dificuldades para achar meninas para treinar. Hoje em dia tem oito ou dez meninas treinando. A Amanda (Nunes) eu via disputar campeonatos de jiu-jítsu bem novinha, fico feliz de vê-la tendo essa oportunidade. Treinamos tão duro quanto os homens. Sempre soube que essa hora ia chegar.
Nova regra de corte de peso
Isso é super importante. É comprovado cientificamente que o atleta perde performance se perder até 10% do peso. O ideal é perder 8% na semana da luta. Eu ficava com 12kg ou até 15kg acima do peso, me desgastava muito para perder o peso. Aprendi devagar que não pode ser assim, fiz uma reeducação alimentar, hoje em dia como bem sempre, fico no máximo 7kg acima do meu peso. Isso faz parte da evolução do esporte, o atleta vai ter um desempenho melhor com essas regras.

Pesagem mais cedo
Eu acho ideal. A gente acorda, bate o peso e pode comer e se reidratar. Tem um tempo maior para chegar ao dia da luta e se sentir melhor. Eu não estou focada na encarada. Tenho certeza que ela vai fazer uma gracinha, estou focada na luta, no que tenho que fazer. Não estou nem aí para o que ela irá fazer.
Miesha Tate x Amanda Nunes
A Amanda tem plenas condições de ganhar essa luta, se ela tiver a cabeça boa e não partir para cima com tudo e estiver com o preparo melhor. Geralmente, ela cansa. A Miesha melhora round por round, enquanto a Amanda cai round por round. Se a Amanda fizer um bom trabalho na preparação física e mantiver a luta em pé, ela tem condições de ser a campeã da categoria.