Cardozo afirma que governo não interferiu na lista de Janot.
06/03/2015 12:49O ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, afirmou nesta quinta-feira (5) que o governo repudia a manifestação de parlamentares da oposição que afirmaram que o governo teria agido para incluir deputados e senadores na lista de políticos envolvidos na Operação Lava Jato. O ministro negou que o governo A lista foi entregue nesta terça (3) pelo procurador-geral da República, Rodrigo Janot, ao ministro do STF Teori Zavascki.
Nesta quarta, ao jornal "O Estado de S. Paulo", o senador Aécio Neves (PSDB-MG) afirmou que houve uma tentativa do governo de envolver a oposição na lista de Janot. Sem citar diretamente o tucano, Cardozo classificou como "inaceitável" o que chamou de "retórica política" para mascarar fatos.
"O governo conhece o campo das suas atribuições. E é nessa perspectiva que posso afirmar que, no passado, se governos agiam dessa maneira, se fugiam da legislação pra afastar investigações ou incluir, não nos meçam por régua antiga. Portanto quero manifestar meu repúdio a afirmação de que tenhamos tentado influenciar sobre qualquer investigação", afirmou Cardozo durante entrevista coletiva no Ministério da Justiça.
A lista de Janot foi entregue nesta terça (3) ao ministro Teori Zavascki, relator das apurações da Operação Lava Jato no STF. Foram apresentados 28 pedidos de abertura de inquérito referentes a 54 pessoas, dentre as quais autoridades e suspeitos sem foro privilegiado. Entre as suspeitas relatadas, há crimes como corrupção e lavagem de dinheiro. Janot também protocolou sete pedidos de arquivamento.
Nesta quarta, o Jornal Nacional informou que os presidentes do Senado, Renan Calheiros, e o da Câmara, Eduardo Cunha, estão entre 45 políticos citados por Janot, nos documentos enviados ao STF.
Questionado sobre como ficaria a situação política com o Congresso com o envolvimento dos dois presidentes na investigação, Cardozo criticou o vazamento de nomes e ressaltou que todas as pessoas presentes na lista ainda serão investigadas.
"A situação política não deve ter outros olhos se não a análise daquilo que acontece. Eu não tenho ciência de quem foi mencionado e porque na delação. [...] Então, qualquer comentário sobre notícias, eu quero frisar: pouco importa os nomes envolvidos, o que está se discutindo nesse momento é a abertura de um inquérito que vai investigar pessoas e, se provado, dará início ao processo que permitirá o amplo direito ao contraditório", afirmou o ministro.