Beijo irônico e discussão: a reação de Neymar à perseguição em Manchester.

Na véspera do duelo contra o Manchester City, o treinador do Barcelona, Luis Enrique, tinha avisado: "Neymar tem esse componente em seu jogo, que quando sofre faltas pode cair mais facilmente". O comandante da equipe havia chamado a atenção que o brasileiro "é um atleta de pouco peso e é mais leve", defendendo o seu jogador das acusações de se jogar no chão para tentar cavar faltas. Mas não foi o suficiente para evitar as intensas críticas dos torcedores ingleses, que costumam crucificar os chamados "mergulhadores". Eles perseguiram o camisa 11 durante os 80 minutos em que correu pelo gramado e nos 15 minutos em que assistiu ao restante do jogo no banco. Ainda antes do apito inicial, durante o hino da Liga dos Campeões, o City of Manchester vaiou o craque, primeiro rosto a surgir no telão gigante.

Neymar teve marcação cerrada de Zabaleta durante o jogo, mas não se permitiu cair. O volante Fernando e o zagueiro Kompany também apareciam na cobertura ao camisa 11, que chegou a perder a bola duas vezes para os adversários sem tentar cavar falta. Aliás, a boa marcação do City reduziu a mobilidade do brasileiro, que teve uma atuação apenas mediana, com duas finalizações, duas boas assistências - uma para Messi, outra para Suárez - que terminaram nas mãos de Hart. Ainda conseguiu 91% dos passes concluídos com acerto.Neymar não se destacou nos primeiros minutos em que tocou na bola e continuou escutando algumas vaias. Um primeiro drible do craque pela esquerda arrancou tímidos suspiros dos torcedores do City, mas os três atacantes do Barcelona foram perseguidos. Ex-Liverpool, Suárez era vaiado sempre que tocava na bola, Messi ouvia provocações com cartazes pró-Cristiano Ronaldo e, o brasileiro, que sofreu apenas uma falta em todo o confronto, foi perseguido por sua fama de se jogar.

Neymar discute com torcedor do Manchester City (Foto: Claudia Garcia)

Dos três atacantes, Neymar foi o menos brilhante e, por isso acabou sendo substituído aos 40 do segundo tempo. Pedro entrou em seu lugar, e o brasileiro nem fez cara feia ao deixar o gramado. Vestiu o agasalho e sentou no banco ao lado de Daniel Alves, este sim, claramente insatisfeito depois de ser sacado para dar chance de Adriano jogar - chegou a chutar uma garrafa de água antes de se juntar aos reservas. Só que as críticas não haviam terminado: durante os cerca de 15 minutos em que o camisa 11 permaneceu sentado, foi constantemente assediado pelos torcedores.

Primeiro, foram alguns, do lado direito, de forma mais branda, a chamarem Neymar para uma conversa. O craque respondeu e mandou até beijo para as arquibancadas. Enquanto abria uma garrafa de água, ainda fez pose para foto e respondeu a alguns assédios com sorrisos. Até que um jovem torcedor, que deve ter mais ou menos a idade do brasileiro, começou a fazer gestos de cai-cai para o banco. Os catalães ignoraram, mas a provocação subiu de tom assim que o árbitro marcou um pênalti para Messi. Desesperados com a hipótese de o Barça vencer o seu time por 3 a 1 em casa, alguns torcedores intensificaram os gritos e insultos.

Os jogadores não responderam, só que o que ninguém imaginava o que aconteceu: o pênalti de Messi terminou nas mãos de Hart, e o argentino perdeu um rebote com o gol aberto, levando os companheiros no banco ao desespero. Neymar nem teve tempo de lamentar a falha do amigo, porque foi surpreendido com novos gritos e gestos de “cai-cai”, do mesmo jovem torcedor do City, posicionado bem perto. A proximidade entre a torcida e o banco de reservas permitiu que os dois ficassem bem perto, e o brasileiro reagiu.

- Eu fiquei brincando. Ele me xingou, eu acabei tirando onda - explicou o brasileiro na zona mista após o encontro.

O jogo terminou logo em seguida, e o camisa 11 do Barça foi tirar satisfações com o torcedor. Saiu do banco, não foi à esquerda para o túnel e partiu em direção ao torcedor. Com seguranças no meio, Neymar falou um pouco e viu de novo a provocação de que mergulha em campo. No fim, o atacante não revelou o conteúdo do que disse.

- Não posso dizer aqui porque a minha mãe me deu educação. O que a minha mãe deu para mim, a dele não deu - afirmou Neymar sorridente.

A fama de cai-cai continua perseguindo Neymar, que dessa vez não teve qualquer proveito. O craque não terá vida fácil em suas próximas visitas à Inglaterra, mas a boa notícia é que a disputa por uma vaga nas quartas de final da Liga dos Campeões será decidida em casa. O Barcelona recebe o Manchester City no Camp Nou, no dia 18 de março