Altos obstáculos, pouco espaço: os desafios dos saltos no hipismo.
28/03/2016 09:16Mais tradicional das provas de hipismo, os saltos costumam atrair a atenção do público que chega a pular junto com seus atletas preferidos, saindo levemente da cadeira, na torcida para que ele não cometa faltas. Para zerar percursos na final da Copa do Mundo, que está acontecendo na Suécia desde sexta-feira, ou nos Jogos Olímpicos, é preciso um entrosamento quase perfeito entre cavaleiro e cavalo. Só muitos anos de prática alcançam esse alto nível visto nas grandes competições.


A tarefa de ultrapassar os obstáculos é mais difícil do que possa parecer. Pode ser que a altura de 1,60m não chegue a impressionar, mas que tal ficar ao lado de um deles para se ter uma noção melhor? Em competições em arenas fechadas como a Scandinavium, a largura das barreiras também fica em 1,60m, já nas disputadas em áreas abertas, como será no Rio de Janeiro, pode chegar a dois metros de comprimento horizontal.
O responsável por desenhar os percursos em Gotemburgo é o espanhol Santiago Varela, que também se preocupa com a distância entre os obstáculos, alguns duplos ou triplos em sequência. Cada centímetro faz a diferença.
- Nas arenas abertas, pode se movimentar mais os cavalos porque há mais espaço. Nas fechadas, tudo acontece mais rápido. Se entrar bem, sai bem. Mas se esbarrar em algum obstáculo pode passar por problemas, porque o seguinte vem sem tempo para se recuperar. A diferença fundamental entre essas pistas é o espaço. As fechadas são muito pequenas para saltos tão grandes. As abertas permitem mais combinações com linhas mais largas - explicou Varela.
O designer de pistas foi tão preciso em seus cálculos que Varela imaginou que, no máximo, oito dos 33 atletas que realizaram o percurso de sábado na final da Copa do Mundo passariam sem faltas. Sete zeraram. Ainda em cima do desenho, ele calcula o tempo necessário para se cruzar toda a pista em boa velocidade. Quem passa acima do que foi pré-determinado, perde pontos. O espanhol sabe exatamente quantas passadas são necessárias para o conjunto atravessar bem o percurso, mas o bom cavaleiro encontra atalhos para encurtar seu caminho até o pódio.
CAVALO É MELHOR AMIGO DO HOMEM NO ADESTRAMENTO
A Holanda, país com maior número de títulos na Copa do Mundo de adestramento, garantiu o 13º troféu na história da competição. Mas, para Hans Peter Minderhoud, com 82,357%, foi novidade, já que ele sequer havia subido ao pódio nas finais. O atleta não poupou elogios a Glock's Flirt, seu cavalo com um perfil de melhor amigo do homem.
- Estou em minha sexta final e nunca tinha ido ao pódio, apesar de ter chegado bem perto duas vezes. Comecei como cavalariço e vencer a Copa do Mundo sempre foi o meu sonho, portanto estou muito emocionado. O cavalo (Glock's Flirt) é quase um cachorro, você pode levá-lo para passear para qualquer lugar. Ele é muito dócil e sempre se esforça por você. É um bom garoto! - brincou o campeão.

Em segundo lugar, ficou a sueca Tinne Silfvén com 81,429% e, em terceiro, a alemã Jessica von Bredow-Werndl. Ambas admitiram ter cometido erros e reconheceram a vitória do holandês sem contestação.
- Qualquer um de nós poderia ter vencido, mas você (Hans) foi o único que não cometeu erros. Você foi o melhor hoje e mereceu vencer - afimou Jessica, que também havia sido bronze nas finais do ano passado, em Las Vegas.

Como a final em estilo livre tem a música como elemento das apresentações, teve um pouco de tudo na Scandinavium Arena. Começou com tango, passou por temas de filmes como "Gladiador", muita música clássica e baladas românticas instrumentais. A plateia, predominantemente feminina, chegou a se animar num pot-pourri de Adele com Spice Girls, escolhido pela dinamarquesa Agnete Kirk Thinggaard. A medalhista de bronze von Bredow-Werndl usou o tema do filme "Selma: uma luta pela igualdade", intercalando com falas de Martin Luther King, pastor e ativista político que lutou pelos direitos dos negros nos Estados Unidos.