Brasília - Para dissipar a nova crise entre o presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), e o presidente Michel Temer, interlocutores do governo resolveram creditar na conta do Supremo Tribunal Federal (STF) a divulgação dos vídeos do operador financeiro Lúcio Funaro.
O material foi disponibilizado no site da Câmara, e gerou um bate-boca entre Maia e o advogado de Temer, Eduardo Carnelós, no fim de semana. Nomes próximos a Temer, no entanto, classificaram que o "erro original" foi do Supremo - especialmente do relator Edson Fachin -, que teria enviado o material à Câmara sem deixar claro o que deveria ser mantido em sigilo e o que poderia ser divulgado.
"O Maia tem sido um aliado fundamental para o sucesso do governo, principalmente no avanço das pautas econômicas. Nada desse resultado positivo que a gente está alcançando seria possível sem o apoio de Maia", disse o líder do PMDB na Câmara, deputado Baleia Rossi (SP).No domingo, o ministro Antonio Imbassahy (Relações Institucionais) jantou com Maia para tentar diminuir o mal-estar entre o presidente da Câmara e o Planalto. Nesta segunda, aliados de Temer afirmaram que o assunto "estava resolvido". O vice-líder do governo na Casa, deputado Beto Mansur (PRB-SP), também minimizou o clima de animosidade e afirmou que, ao dar publicidade aos vídeos de Funaro, Maia agiu com o respaldo do STF. "Não vejo nenhum tipo de problema de relacionamento entre Maia e Temer", afirmou.
Vídeos
Os vídeos da delação de Funaro foram divulgados no site da Câmara em 22 de setembro, junto com os outros documentos relacionados à segunda denúncia contra Temer e os ministros Eliseu Padilha (Casa Civil) e Moreira Franco (Secretaria-Geral da Presidência). O material foi enviado pela presidente do Supremo, Cármen Lúcia, por meio de ofício expedido em 21 de setembro, uma semana após a Procuradoria-Geral da República (PGR) apresentar a denúncia.
Em nota, Maia afirmou que, no material enviado pelo Supremo não havia nenhuma "determinação de restrição de acesso a qualquer parte da documentação". O gabinete de que Fachin ainda não se pronunciou oficialmente sobre o caso, apenas reafirmou que o conteúdo da delação premiada de Funaro estava sob sigilo.