A derrota de Cunha.
18/02/2016 11:25A recondução de Leonardo Picciani à liderança do PMDB na Câmara dá mais motivos de preocupação para o presidente da casa, deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ), do que razão para comemorações por parte da presidente Dilma Rousseff – embora seja, sim, uma vitória do governo.
Com o resultado, ficou evidente que Cunha não é mais o invencível que parecia há um ano; e o governo, mesmo satisfeito com a vitória do aliado, terá de continuar convivendo com o racha da bancada de seu principal aliado. E, desta vez, na composição da comissão do impeachment, por exemplo, Picciani terá de contemplar as duas alas do partido e não repetir o que fez no ano passado, quando só indicou governistas.
O placar de 37 a 30 votos mostra que Picciani teve apenas dois votos a mais do que o necessário, levando-se em conta a bancada de 70 deputados. Mas a diferença de sete votos sobre o adversário foi comemorada pelos governistas.
Porém, mais importante que o placar é o sentimento de parlamentares tanto do PMDB quanto de outros partidos da base que, igualmente, têm simpatizantes de Cunha.
A pressão excessiva, a cobrança de fidelidade e compromisso, como tem feito Cunha, tanto no Conselho de Ética, onde enfrenta processo quanto agora na bancada do PMDB, já provoca reação de parlamentares.
Cunha tentou evitar o reconhecimento da derrota. Disse, em entrevista, que ficou "ao lado do que teve menos votos". Seu grupo acreditou que pudesse chegar à vitória com o deputado Hugo Mota. Portanto, pode-se dizer que, na eleição secreta do PMDB, Cunha foi traído dentro de sua própria bancada.
O governo, de sua parte, não pode deixar de reconhecer que também sofreu traição. Picciani acreditava que pudesse chegar a 45 votos – falava entre 40 e 45. Ficou abaixo do que esperava.