'Ele não tinha nenhuma orientação médica', diz treinador de Leandro Feijão.
27/09/2013 16:59
O treinador de Leandro Caetano de Souza, conhecido como Leandro Feijão, de 26 anos, que morreu nesta quinta-feira, horas antes da pesagem do evento de MMA Shooto 43, disse que o atleta não tinha nenhum tipo de acompanhamento médico. André Chatuba, que treinava o atleta há dois anos, afirmou que a perda de peso é uma cobrança dos próprios lutadores. Feijão lutaria nesta sexta-feira contra Gabriel Brasil na categoria até 57 kg e precisava perder 900 gramas para atingir o peso. Segundo laudo do IML (Instituto Médico Legal), o lutador morreu devido a um AVC (Acidente Vascular Cerebral).
— Ele não tinha nenhuma orientação médica. Nem todo mundo tem essas condições [financeiras]. Ninguém nunca imaginou que isso poderia ocorrer. Acho que é a primeira vez que acontece no mundo — afirmou.
O treinador de Leandro conta que aconselha os atletas da equipe Caçadores a obedecer os limites do corpo.
— O conselho que eu dou é para que cada um respeite seu limite. Uns obedecem mais, outros menos. Tem atleta que fica a ponto de desmaiar, e isso prejudica o corpo — contou.
Chatuba disse também que Feijão trabalhava como gari da Comlurb (Companhia Municipal de Limpeza Urbana do Rio) e sonhava em lutar na elite do MMA. O atleta ajudava a sustentar a mãe e duas irmãs.
— Ele era muito querido na Vila da Penha, onde morava com a família. Ele amava a mãe, sempre falava dela. O Feijão era uma pessoa muito alegre, trabalhava como gari da Comlurb para sustentar as irmãs e a mãe. É lamentável o que aconteceu com ele — recordou Chatuva.
Médico condena perda rápida de peso
Diretor médico da Comissão Atlética Brasileira de MMA, Márcio Tannure comentou a morte do lutador e condenou a prática da reidratação extrema. Mesmo sem acesso aos dados do Shooto, uma vez que ele não é filiado à Comissão Atlética, Tannure acredita que a causa da morte de Feijão esteja relacionada à perda rápida de peso.
— Muitos lutadores expõem o corpo ao limite achando que perder peso na véspera e recuperá-lo através da hidratação no dia da luta é benéfico. Na verdade não é. O rendimento atlético cai muito e nós desencorajamos essa prática — afirmou.
Tannure acredita ainda que o protocolo médico do Shooto não exigia os mesmos exames dos atletas que a Comissão Atlética pede.
Feijão morreu nesta quinta-feira, quando passou mal pouco antes da pesagem para a luta. Ele estava na sauna no momento e foi levado para a Unidade de Pronto Atendimento de Botafogo, na Zona Sul do Rio. O enterro do lutador está marcado para este sábado, às 9h, no Cemitério de Inhaúma, na Zona Norte.
No Facebook, amigos e parentes do atleta lamentam seu falecimento. Uma publicação do dia 21 de setembro da namorada de Leandro, mostra o apoio de Vanessa Reis ao esporte praticado pelo companheiro. Confira o post abaixo:
"Amor estou muito feliz por você, sei que é isso que você gosta e que você sonha sempre. Nada nessa vida é fácil, e você por batalhar tanto e treinar sempre, conseguiu essa vaga no Shooto. Estou ansiosa e muito nervosa, mas sei que vai dar tudo certo. Sempre vou estar ao seu lado, vi a sua dedicação e o seu esforço pra poder conseguir essa luta. Sonhe, apesar das ilusões. Caminhe, apesar dos obstáculos. Lute, apesar das barreiras e, acima de tudo, acredite em você mesmo".
Tia contesta laudo do IML
A tia de Leandro, Elma dos Santos Feijó, que é enfermeira, contestou o laudo divulgado pelo IML, que apontou AVC como a causa da morte do atleta. No mesmo relatório, o exame mostra que a morte do lutador teria sido uma evolução de problemas com pressão alta, o que a tia discorda, já que ele não sofria de hipertensão.
Jornal Folha do Rio.